Alvo da pressão olímpica, Fabiana Murer ouve até pedido de prima para não entrar na internet

José Ricardo Leite

Do UOL, em São Paulo

  • Lee Jin-man/AP

    Fabiana Murer comemora conquista da medalha de ouro no Mundial de Atletismo, em 2011

    Fabiana Murer comemora conquista da medalha de ouro no Mundial de Atletismo, em 2011

Ter o status de ser campeão mundial não é só colher louros, apesar de todas as realizações profissionais. Pressão e expectativa por bons resultados vêm na mesma proporção que fama e reconhecimento. Ainda mais num semestre olímpico. Que o diga Fabiana Murer, campeã do mundo no salto com vara.

EQUILÍBRIO MARCA TEMPORADA DA PROVA

  • Além de Fabiana e Isinbaeva, o salto com vara tem pelo menos mais três atletas que podem levar o ouro nos Jogos de Londres

Também dona da melhor marca do ano até agora em sua modalidade - 4,77 m na etapa de Nova York da Liga Diamante, na última semana - Murer é alvo preferencial de torcida e imprensa brasileira na cobrança pela conquista de, ao menos, um pódio nos Jogos de Londres

A atleta diz ter noção do que a espera em termos de cobrança, mas demonstra naturalidade e afirma que experiências anteriores, até mesmo nos Jogos Olímpicos de Pequim, a deixam mais calejada para esse tipo de situação. Mas brincou e disse que até sua prima já lhe recomendou nem acompanhar muito a repercussão da imprensa.
               
“A pressão é muito grande. A imprensa fala muito mais da Olimpíada e torce para os atletas terem medalha. Até minha prima falou ´este ano não fica entrando muito na internet, lendo muita notícia se não ficará nervosa, pra não se desconcentrar, sentir a pressão´”, falou Fabiana Murer em entrevista ao UOL Esporte.

“Mas depois de Pequim fui campeã mundial duas vezes, mas tive problemas, derrotas e cresci muito nesses quatro anos. Me sinto muito mais preparada e experiente e sei que a Olimpíada é uma competição como qualquer outra. É muito importante, mas as meninas [concorrentes] são as mesmas. Já passei por isso e sei como é”, continuou.

Fabiana foi campeã mundial em pista aberta no Mundial de Daegu, no ano passado, e indoor em Doha, em 2010.

Mas, apesar de ser a detentora do título mundial e da melhor marca da temporada, sua modalidade mostra um equilíbrio grande e muitos nomes que podem vencer a competição. Sua marca de 4,77 em 2012 é apenas um centímetro melhor do que as da australiana Alana Boyd e da alemã Silke Spiegelburg.


Além delas, a prova conta com nomes como a cubana Yarisley Silva, que superou Fabiana nos Jogos Pan-Americanos e tem a quinta melhor marca do ano, e a russa Ielena Isinbaeva, que é dona do recorde mundial, com 5,06 m. “São seis ou sete atletas com mesmo nível que têm chance de medalha. Vai ser difícil. Muitas atletas podem levar medalha”, explicou Fabiana.

Independentemente da expectativa criada por bons resultados, Fabiana se mostra realizada com o que já fez por uma modalidade sem tradição nenhuma no país e que viu nela a primeira campeã mundial. Diz que tudo o que fez pode servir como exemplo.

“Fico contente pelo que conquistei e mostrei que é possível o Brasil desenvolver provas que não tem tradição, como salto com vara. Mostrar para os mais novos que é possível, que é só sonhar alto. Sempre quis fazer história e acho que estou fazendo no salto com vara.”

Fabiana Murer
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