Amador, time de vôlei do Uruguai tem engenheira, veterinária e até babá no elenco
Gustavo Franceschini
Do UOL, em São Carlos (SP)
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Gustavo Franceschini/UOL
Florencia Fontes, jogadora do Uruguai que cursa nutrição e já foi babá, além de se dedicar ao vôlei
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Em contraponto com o profissionalismo e a organização do Brasil, o Uruguai que disputa o Pré-Olímpico de vôlei feminino é formado por abnegadas. Amadoras, as atletas dividem o tempo entre o vôlei e trabalhos convencionais. O time que disputa a competição no interior de São Paulo tem no elenco uma engenheira, uma veterinária, diversas estudantes e uma “faz-tudo”, que já foi babá, garçonete e hoje cozinha em um buffet.
A primeira atleta da equipe a se destacar foi a levantadora Paola Galusso. Acima do peso, ela foi aplaudida pelo ginásio na derrota contra o Brasil, na última quarta, e contou que, além de atleta, é executiva de uma multinacional em seu país.
Só que ela não é a única a fazer “jornada dupla”. Três das 12 inscritas ainda estão no ensino médio. Outras estão prestes a terminar cursos como engenharia e arquitetura, sendo que já estagiam na área.
“Ninguém consegue viver de vôlei no Uruguai. O país é pequeno e não dá condições. Mesmo as irmãs Aguirre [Florência e Victoria], que jogam na Argentina, só vão para lá durante as férias, porque o campeonato é curto”, disse Galusso.
O caso mais inusitado é o de Florência Fontes. Aos 22 anos, ela acaba de ingressar em um curso superior de nutrição. Antes, foi babá por quatro meses e chegou a trabalhar de garçonete. Para se manter, hoje ela cozinha em um buffet de festas.
“Meus patrões sabem que eu jogo vôlei, então não tem problema. A única coisa é que deixo de ganhar dinheiro vindo para cá jogar”, disse a atleta, que reconhece que o nível de sua seleção está muito aquém daquele apresentado pelas rivais.