Brasileira do trampolim fica longe da vaga olímpica, mas supera 'pane' e sonha com 2016

Felipe Rocha, do UOL em Londres (ING)

Ainda não foi desta vez que o Brasil conseguir classificar um ginasta de trampolim para uma Olimpíada.

Nesta sexta-feira, Giovanna Matheus terminou o Pré-Olímpico da categoria, disputado em Londres, apenas na 13ª posição, distante dos cinco primeiros lugares que asseguravam vaga nos Jogos de 2012.

O resultado, porém, foi considerado como mais uma prova do talento da atleta, que precisou superar um grave problema psicológico para voltar a competir: a Síndrome dos Movimentos Perdidos, conhecida também como "pane", problema recorrente entre os ginastas de trampolim e que também atinge os atletas do salto ornamental.

“Estava com pane, você perde os saltos, perde os movimentos. Fiquei dois anos e meio assim, parei de treinar, desisti mesmo. Quando voltei, fui indo aos poucos, fazendo salto por salto e pegando confiança. Foi como se estivesse aprendendo tudo de novo, desde os saltos mais simples”, afirmou Giovanna, que somou 94,705 pontos na competição.

A síndrome que atingiu a brasileira de 22 anos é uma espécie de perda de confiança dos atletas, que passam a ter um "bloqueio psicológico" que os impede de fazer até os movimentos mais simples da modalidade.   

“Quando estava parada, não estava fazendo nada mesmo, só estudando. Voltei no começo do ano passado, mas estar aqui já foi um grande avanço”, completou.

Eu queria a vaga, mas era difícil porque todas as meninas que estão aqui são muito boas, experientes e já competem há muitos anos

Giovanna Matheus, brasileira da ginástica de trampolim, que não estará na Olimpíada

 

A superação dos problemas emocionais não ameniza a frustração da atleta por não ter carimbado o passaporte olímpico. Claramente chateada, Giovanna afirmou que o sonho foi apenas adiado.

“Lógico que eu queria a vaga hoje, mas era bem difícil porque todas as meninas que estão aqui são muito boas, experientes e competem há muitos anos. Era muito difícil, mas poderia ter sido melhor. Tenho que ter um pouquinho mais de frieza na hora de competir”, declarou a ginasta com lágrimas nos olhos.

O resultado do Pré-Olímpico não é a maior preocupação de Tatiana Figueiredo, técnica da ginasta brasileira. Sem um acompanhamento psicológico adequado para Giovanna, a treinadora teme pelo futuro da atleta na modalidade.

“Ela é a mais talentosa do Brasil. Mas todo atleta que tem esse problema emocional sempre pode ter uma recaída, aquilo está o tempo todo com ele. Ela, infelizmente, não tem ajuda psicológica”, disse Tatiana, que não lamenta o resultado do evento-teste em Londres.

“A Giovanna treina em um aparelho velho, de 2003, não temos a melhor estrutura para melhorar e falta ajuda para o esporte. O resultado aqui foi justo e excelente por tudo isso”, afirmou.

Ainda nesta sexta-feira, as ginastas Daiane dos Santos e Daniele Hypolito encerram a participação brasileira no Pré-Olímpico de ginástica artística na disputa da final do solo. Na semana que vem, será a vez da disputa de ginástica rítmica, sem a presença de brasileiras.

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