Acidente no Pan vira piada entre amigos e Kitadai foca 1º desafio do ano olímpico

Gustavo Franceschini

Do UOL, em São Paulo

  • Daniel Marenco/Folhapress

    Felipe Kitadai comemora o ouro no Pan de Guadalajara, que o alçou à fama por conta do acidente

    Felipe Kitadai comemora o ouro no Pan de Guadalajara, que o alçou à fama por conta do acidente

Felipe Kitadai vai iniciar sua temporada com um desafio de peso neste fim de semana. Ao lado da maior parte da elite do judô nacional, ele vai disputar o Masters do Cazaquistão para testar sua força entre os melhores do mundo. O acidente com o quimono borrado no Pan, que fez sua medalha de ouro ficar famosa, já é passado e virou tema de brincadeiras entre amigos.

“Isso não me incomoda não. O importante é que estou com a medalha. Cagar todo mundo caga”, diz Felipe, aos risos. O incidente deu notoriedade ao até então desconhecido Felipe Kitadai.

Antes do ouro na categoria até 60 kg em Guadalajara, Kitadai já havia chamado a atenção dos mais fanáticos por judô em 2010. Na Copa do Mundo em Roma, além do título ele conseguiu uma vitória importante contra o japonês Tadahiro Nomura, tricampeão olímpico na categoria.

Hoje ele está consolidado no ranking mundial. Ocupa atualmente a 16ª colocação, mas é o 12º na lista de vagas para a Olimpíada de Londres. Uma boa colocação no Masters do Cazaquistão, que reúne os 16 melhores de 2011, pode garantir uma distância confortável de Breno Alves, 23º do ranking e ainda sonhando com uma vaga.

Como os 22 melhores da categoria vão a Londres (sendo apenas um por país), a briga de Kitadai é quase toda contra o compatriota. Ele pensa, no entanto, em aproveitar o evento para medir forças com os líderes da lista.

“Já dá pra tirar uma prévia da Olimpíada. Em 2011 eu fiz essa competição e pode ser importante para a nossa preparação”, diz Kitadai, que não se abala com a repercussão de seu “acidente” no Pan. Mesmo assim, tem de aguentar os amigos lembrando do fato com bom humor.

“A gente sempre dá uma brincada. No começo, o pessoal estava acanhado. Aí eu fui lá e dei uma sondada, para ver se ele ia levar na esportiva. Quando eu vi que ele estava tranquilo começou a brincadeira”, disse João Derly, contando um pouco do clima dos treinos entre os dois.

DERLY DESISTE DE SONHO OLÍMPICO

Nascido em São Paulo, Kitadai mudou-se para Porto Alegre para treinar na Sogipa, a convite de João Derly. O bicampeão mundial é tão próximo de Kitadai que lhe deu moradia no período de adaptação ao Rio Grande do Sul.

“Ele ficou uns dois meses. Eu e minha esposa assumimos ele como um filho. Seus pais nos confiaram a vida dele. Não é fácil deixarem ele mudar de estado. Foi um prazer enorme ter recebido ele. Nos ensinou coisas boas, é um cara super legal”, disse Derly, que vê um lado positivo na exposição que Kitadai sofreu após o Pan.

“Na hora da luta eu não percebi. Só vi depois, quando fui ver o vídeo. Mas ele estava super na boa, encarou de um jeito muito natural. Não é fácil passar por isso publicamente e ser exposto. Só que tem o lado positivo. Falei isso para ele: ‘agora você está começando a ser conhecido, muita gente te citou’”, avaliou Derly.

Kitadai, no entanto, acha que o foco sobre o assunto foi um pouco exagerado. “Não vou ficar me preocupando. O que eu tinha de fazer lá eu fiz. Se foi com cagada ou sem cagada não me importa. Acho que é uma coisa que não é importante na competição. Teve muita coisa mais importante. Poxa, o presidente do México estava assistindo à final. Tanta coisa legal para colocar e acabaram omitindo. Deram importância só para isso”, concluiu o judoca.

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