Fora de Londres, João Derly vê 2016 distante e joga a toalha por sonho olímpico

Gustavo Franceschini

Em São Paulo

João Derly não acredita mais no sonho de conquistar uma medalha olímpica na carreira. Fora dos Jogos de Londres em 2012 por uma sequência de lesões, o judoca gaúcho, bicampeão mundial, vê a Olimpíada de 2016 muito distante e já fala sobre a frustração de encerrar a carreira sem a aguardada conquista.

“Não sei se chegaria a 2016. Tentar um tricampeonato era uma situação legal para a minha carreira, e em 2013 já teria uma oportunidade. Já 2016 é uma distância meio longa. São cinco anos até lá. Não sei se daria”, disse João Derly, em entrevista exclusiva ao UOL Esporte.

Se seguir sua previsão, o atleta terminará a carreira sem uma conquista olímpica, contrastando com seu bicampeonato consecutivo nos Mundiais de 2005 e 2007. Sua única participação nos Jogos foi em 2008, em Pequim.

Na época, ele chegou como favorito entre os meio-leves (até 66kg), mas perdeu na segunda rodada para o português Pedro Cunha. “Claro que fica o sentimento de frustração. Não tem como você não sentir isso. Mas ao mesmo tempo que vem isso, vem a alegria de ter sido o primeiro campeão mundial. Isso é o bonito do esporte”, disse Derly. 

O judoca vive um drama desde o fim de 2009, quando teve uma lesão no ligamento cruzado e no menisco do joelho esquerdo. A primeira cirurgia não deu o resultado esperado, e teve de ser refeita seis meses depois.

Em janeiro deste ano, ele retomou os treinamentos, apesar de um estiramento na coxa direita. Sua volta aos tatames foi marcada para março, na seletiva brasileira para definir que atletas representariam o país no circuito mundial.

Além dos problemas físicos, Derly teria de se adaptar a uma nova categoria e à regra do judô, modificada no meio do seu período de lesão. O gaúcho pulou para o peso leve (até 73kg) e teve de abandonar a pegada na perna, uma de suas melhores características e que passou a ser proibida no esporte.

“O tempo que seria para a adaptação da regra e da troca de categoria foi o tempo que eu passei em cirurgia. Não passei por esse processo. Foi uma mudança muito drástica para mim”, disse João Derly. As novidades e os problemas físicos atrapalharam seu desempenho na seletiva e o tiraram da briga por uma vaga em Londres.

De quebra, ele ainda machucou o joelho direito e teve de ser submetido a uma artroscopia, o terceiro procedimento cirúrgico em menos de um ano e meio. Por isso, Derly diz pensar bastante sobre seu futuro fora do esporte, mesmo que ainda esteja focado nos treinamento na Sogipa, seu clube no Rio Grande do Sul.

“Todos os dias vem essa dúvida. Que caminho tomar? Uma coisa que eu penso é que seria importante dar um seguimento em alguma atividade que eu pudesse desenvolver dentro do esporte, mas ainda não cheguei a uma decisão”, disse o judoca, que segue treinando mas prefere não precisar uma data para seu retorno aos tatames.

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