Foi suado, os russos Barsuk e Kolodinskiy deram mais trabalho do que se esperava, mas Ricardo e Emanuel venceram a dupla européia por 2 sets a 1 (18-21, 25-23, 15-12) neste sábado, avançaram às quartas-de-final do vôlei de praia masculino em Pequim e seguiram na briga pelo bicampeonato olímpico.
Na próxima fase, os brasileiros encaram os norte-americanos Gibb e Rosenthal, que também tiveram trabalho mas passaram com 2 sets a 0 pelos espanhóis Herrera e Mesa, parciais de 26-24 e 21-17. Já os russos voltam para casa.
Com a classificação de Ricardo e Emanuel, o Brasil coloca suas quatro duplas de vôlei de praia nas quartas-de-final das Olimpíadas. Assim como os compatriotas, Ana Paula/Larissa, Renata/Talita e Márcio/Fábio Luiz também seguem vivos na competição.
Melhor jogador da partida, Ricardo admitiu o cansaço. "Sacaram todas as bolas em mim. Tive que tentar virar quarenta e três bolas. Eu poderia ter jogado melhor, tive dificuldade de virar a bola, eles sacaram forte e bloquearam bem. O Kolodinskiy é um dos melhores sacadores do Circuito Mundial. Mas no fim consequi me superar", analisou o baiano. "Sacaram em mim na final olímpica em Atenas, também foi assim. Podem continuar fazendo isso que estarei mais preparado e com confiança total".
E o primeiro set começou com Ricardo muito inspirado no bloqueio, mostrando por que é apelidado de "Block Machine" (Máquina de Bloquear). Após parar o russo Barsuk em quatro ataques consecutivos, o baiano foi responsável pela virada brasileira no início da parcial, 6-4, depois de a dupla verde-amarela estar perdendo por três pontos de diferença. Não demorou, porém, para que os europeus retomassem a dianteira no placar.
Confirmando a fama de bom sacador já apresentada em duelo contra Márcio e Fábio Luiz na primeira fase, Kolodinskiy passou a encaixar muito bem os seus serviços. Quando não fazia ace, e foram três no primeiro set, o russo desmontava a defesa brasileira. Foi assim que sua dupla voltou a abrir vantagem e fechou com 21-18, em um toque de cobertura de Barsuk no fundo da quadra brasileira.
Ricardo e Emanuel voltaram mais atentos para a segunda etapa, conseguindo controlar a potência da dupla russa. Em um bloqueio de Emanuel, os brasileiros abriram três pontos de vantagem (8-5), diferença ampliada logo em seguida com um ace também de Emanuel em saque sem força.
Mas foi exatamente a falta de potência do serviço brasileiro que virou um prato cheio para os europeus. Barsuk, principal alvo dos saques, passou a cravar todas as suas bolas, e a Rússia virou: 18-17.
Os russos abriram dois pontos de vantagem e chegaram a 20-18, tendo dois match points. Mas com três bloqueios consecutivos de Ricardo, os brasileiros viraram, 21-20. A partir daí, foi uma série de viradas e set points para os dois lados, até que Ricardo, mais uma vez, plantou sua muralha diante de Barsuk, e o Brasil fechou com 25-23, forçando o tie-break.
Na parcial final, o equilíbrio se manteve, com os dois times se revezando na dianteira do placar. Os russos saíram na frente, os brasileiros viraram e os adversários retomaram a vantagem, obrigando Ricardo e Emanuel a correrem atrás no marcador, sempre com a diferença de apenas um ponto separando os times.
Em um ataque certeiro de Kolodinskiy, os russos abriram dois pontos pela primeira vez com 9-7 no placar do terceiro set. Mas o empate brasileiro (10-10) veio justamente em um erro de ataque do principal jogador da dupla adversária. Em seguida, os brasileiros conseguiram a virada com um toque na rede de Barsuk e abriram três pontos com mais dois bloqueios seguidos de Ricardo (13-10). Os russos tentaram a reação, mas com um ataque de Emanuel, os brasileiros fecharam com 15-12, asssegurando a classificação.
Após o jogo, Emanuel afirmou que em nenhum momento pensou que a partida estivesse perdida. "Nunca tive um jogo tão emocionante. Estou muito feliz, não quero nem pensar no próximo adversário. Só quero ligar para minha família e meus amigos, que, com certeza sofreram muito", comentou o paranaense.
*Atualizada às 13h23