O discurso de quem é pego em um exame antidoping costuma ser sempre o mesmo. O atleta nega o doping, diz que não sabe como entrou em contato com a substância proibida, culpa técnicos, remédios e laboratórios. Na quarta-feira, o italiano Alex Schwazer foi contra tudo isso ao falar sobre o seu doping na prova de marcha atlética.
“Eu não sirvo para usar drogas ou para enganar as pessoas. Não aguentava mais mentir. Não podia esperar para ver toda essa farsa acabar. Quando você espera sua namorada sair de casa para se trancar no banheiro e injetar EPO na veia sem que ninguém saiba... Isso é horrível”, admitiu o corredor.
Campeão olímpico da prova em Pequim-2008, ele admitiu o uso de Eritropoietina (EPO), que aumenta os níveis de oxigênio no sangue e ajuda atletas em provas longas, justamente como os 50 km da marcha, que o italiano venceu há quatro anos. Schwazer conta que começou a usar a substância há um mês, mas comprou as seringas em setembro, em uma viagem à Turquia.
Ele guardou a substância na geladeira de seu apartamento. Sua namorada, a campeã de patinação artística Carolina Kostner, estranhou e o confrontou sobre os pacotes. Ele disse que eram vitaminas para a preparação olímpica. “Carolina ama o esporte. Ela patina porque gosta. Eu marchava porque eram bom. Mas nunca gostei de fazer a mesma coisa por 35 horas diárias. Às vezes, à noite, com todos os músculos doendo, pensar em fazer a mesma coisa na manhã seguinte me deixava enjoado".
O exame que confirmou o doping foi feito no dia 30 de julho. “Quando a campainha tocou, eu sabia que era o antidoping. E que tudo tinha acabado. Eu poderia simplesmente ter pedido para minha mãe dizer que eu não estava. Ou simplesmente não abrir a porta. Mas eu não aguentava mais”, lembra o atleta.
Agora, Schwazer fala em levar uma vida normal, afastado do esporte. Ele é membro dos Carabinieri, a polícia italiana, e deve ser punido pela corporação pelo doping.