Diogo Silva diz que brasileiros não sabem que são atletas, se omitem e não são politizados

José Ricardo Leite

Do UOL, em Londres (Inglaterra)

  • EFE/Ian Langsdon

    Diogo Silva grita; brasileiro criticou falta de posicionamento dos atletas

    Diogo Silva grita; brasileiro criticou falta de posicionamento dos atletas

O lutador brasileiro de taekwondo Diogo Silva mostrou nesta quinta-feira uma visão crítica quanto ao comportamento de seus compatriotas de diferentes esportes que disputam os Jogos Olímpicos de Londres.

Diogo disse que os brasileiros não sabem que são atletas, muitos não brigam pela melhora das condições esportivas no país e vê falta de politização e posicionamento em relação às dificuldades enfrentadas.

O lutador sempre procurou levantar a bandeira contra a falta de investimento e condições adequadas em esportes amadores. Nesta quinta, indicou que os que ganham, se omitem e não brigam pela melhora. E que os que têm patrocínio fazem o mesmo.

DIOGO VOLTA A BATER NA TRAVE E FICA SEM MEDALHA

  • Flávio Florido/UOL

    O brasileiro Diogo Silva voltou a bater na trave na tentativa de conquistar sua primeira medalha olímpica. Nesta quinta-feira, ele levou um golpe na cabeça no último segundo, foi derrotado pelo norte-americano Terrence Jennings por 8 a 5 na disputa do bronze da categoria até 68 kg do taekwondo nos Jogos Olímpicos de Londres e deixou a competição de mãos vazias.


“Tem três tipos de atleta; aquele que ganha, aquele que tem patrocínio e o operário. O operário vai sempre reclamar, discutir, fazer greve, brigar. Quem ganha medalha, não vai falar nada. Quem tem grana, também não. Então, acho que como dentro da história do nosso país, quem está ferrado vai à luta. Quem está bem de vida não vai à luta”, falou.

“Os atletas do Brasil, muitos ainda não sabem que são atletas. Eles têm esse sentimento aqui, porque aí são bem cuidados, come no horário, recebe patrocínio. Mas no processo todo ele nem sabe que é atleta. Ele está na luta, está na guerra. Aí você vai querer cobrar que esse cara seja politizado? Difícil”, continuou.

Diogo perdeu a chance de ficar com a medalha de bronze nos Jogos Olímpicos de Londres na categoria até 68 kg depois de perder para o americano Terrence Jennins. Depois da luta, reclamou da falta de força política do país nos bastidores, já que se considerou prejudicado.

"Você tem que ter poder político, força política, e nosso esporte não tem. As decisões são tomadas com membros de comitês internacionais e da federação do nosso esporte, e o Brasil não tem ninguém lá.”

"Eu tenho quase certeza que esse placar tinha zerado", disse Diogo. "Eu não vi a luta em câmera lenta, mas é total certeza. Quando zera, os pontos não vão pro golden score. Os pontos só podem ser levados pra outro round do primeiro pro segundo, e do segundo pro terceiro. Isso é uma regra mundial, está assim só nos Jogos Olímpicos".

Na avaliação do brasileiro, seus dois últimos combates tiveram resultados injustos. Na semifinal contra o iraniano Mohammad Bagheri Motamed, Diogo levou a luta para a prorrogação e a vitória do adversário saiu por decisão dos juízes. O brasileiro queria a revisão, mas a regra da Olimpíada não permite. Na disputa do bronze, sua equipe também queria recurso por achar que o último combate do americano foi acertado com o placar já zerado, mas não pôde.

Antes mesmo de disputar a medalha de bronze, Diogo já havia criticado a falta de apoio ao esporte no país e se colocado como uma pessoa disposta a ajudar no futuro. “Tem inúmeras mudanças que precisam ser feitas. Isso não é só uma questão do COB e das Confederações, é uma questão de governo federal”, opinou. “Pretendo estudar gestão esportiva para melhorar essa situação um dia.”

ANÁLISE: "DIOGO SILVA TEVE PARTICIPAÇÃO MEMORÁVEL"

Brasileiros em Londres - dia 13
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