Alemães frustram ouro brasileiro no vôlei de praia e impedem bi olímpico de Emanuel

Bruno Freitas

Do UOL, em Londres (Inglaterra)

  • Flavio Florido/UOL

    Emanuel beija a medalha de prata conquistada na final do vôlei de praia contra os alemães

    Emanuel beija a medalha de prata conquistada na final do vôlei de praia contra os alemães

Emanuel e Alison viram a glória olímpica bem de perto, mas pararam na frieza dos alemães Julius Brink e Jonas Reckermann em uma quente decisão do vôlei de praia nesta quinta-feira. Os europeus venceram a eletrizante partida final dos Jogos de Londres por 2 sets a 1 (parciais de 23-21, 16-21 e 16-14) e voltam para casa com a medalha de ouro no pescoço, frustrando o sonho de bicampeonato olímpico do brasileiro.

AS TRÊS MEDALHAS DE EMANUEL

  • Robert Laberge/Getty Images

    Olimpíada de Atenas-2004: Ao lado de Ricardo, Emanuel já chegava aos Jogos como um dos principais jogadores do mundo. Em dois anos de parceria, os dois já acumulavam um Campeonato Mundial e dois títulos do Circuito. Na final, os espanhóis Javier Bosma e Pablo Herrera não tiveram nenhuma chance: foram derrotados por 21-16 e 21-15. Até hoje é o único ouro do país no masculino: as mulheres foram campeãs em Atlanta-1996, na estréia da modalidade nos Jogos.

  • Harry How/Getty Images

    Olimpíada de Pequim-2008: A segunda Olimpíada da parceria terminou no pódio, mas sem o mesmo brilho de quatro anos antes. Poucos dias antes dos Jogos, Ricardo sofreu uma pequena fratura no tornozelo, que o deixou mais lento por todo o torneio. Isso custou caro na semifinal, quando os dois encontraram os outros brasileiros no torneio, Márcio e Fábio Luiz. A derrota na semifinal foi dolorida, mas eles se recuperaram na decisão do bronze para bater outra dupla nascida no Brasil, Jorge e Renatão, que competia pela Geórgia.

  • AFP PHOTO / DANIEL GARCIA

    Olimpíada de Londres-2012: Na Inglaterra, Emanuel chegou já sem o parceiro das duas medalhas. No lugar de Ricardo, um novato, Alison, de 26 anos e 2,03 m de altura. Como todo atleta inexperiente, o Mamute sofreu em sua estreia, como nas quartas, em que os brasileiros chegaram a temer a derrota contra a dupla da Letônia, Plavnis e Smedins. Na final, a derrota os deixa com a prata.

Diante de 15 mil pessoas em uma noite agradável em Londres, os alemães contaram com o apoio de sua torcida, em ligeira maioria, no desfecho de uma breve e bem-sucedida temporada da modalidade na arena provisória erguida no centro da metrópole britânica.

Desta forma, com a prata, Emanuel perde a chance de ingressar em um seleto grupo de brasileiros com dois ouros olímpicos, em rol que conta com o triplista Adhemar Ferreira da Silva, com os jogadores de vôlei Maurício e Giovane e com os velejadores Robert Scheidt, Torben Grael e Marcelo Ferreira. O veterano de 39 anos conquista sua terceira medalha, pois também conta no currículo com o bronze de Pequim-2008.

"É muita alegria. É muito gratificante ver todo o Brasil torcendo enquanto nós lutamos com a temos a possibilidade de dar uma medalha para o nosso país. Esses 20 dias aqui na Inglaterra foram maravilhosos. A arena lotada, esse espetáculo, lutamos até o fim. A medalha não é a que gente esperava. Queríamos o ouro, mas você vê, pelo nível, que em final qualquer resultado vale", afirmou Emanuel

Por sua vez, o estreante em Olimpíadas Alison não conseguiu sua revanche pessoal diante dos rivais. O brasileiro havia sido derrotado pelos mesmos adversários na decisão do Mundial de 2009 na Noruega, na época em que tinha Harley como parceiro.

Com a prata, o atleta de 26 anos conquista a sua primeira medalha olímpica. Ao recebê-la, chorou bastante no pódio. "É choro do filme que passou na minha cabeça quando subi ao pódio. É muita dedicação, superação nesses três anos. É claro que queríamos o ouro, não deu, mas o mais importante é perder como guerreiro. No vôlei não tem empate. Tentamos o ouro até o final. Guerreiros sempre", analisou Alison.

Os campeões Brink e Reckermann sacrificaram boa parte do calendário do circuito mundial deste ano, em preparação voltada exclusivamente para os Jogos Olímpicos. Em Londres, os campeões mundiais de 2009 encontraram o melhor de seu jogo e deixaram pelo caminho Ricardo e Pedro Cunha antes de chegar à decisão para vitimar outra parceria brasileira.

Vice-campeões, Emanuel e Alison tiveram uma campanha consistente desde o início do torneio olímpico. Na fase de grupos foram três vitórias e apenas um set concedido: 2 a 1 sobre os austríacos Doppler/Horst, 2 a 0 diante dos suíços Bellaguarda/Heuscher e 2 a 0 contra os italianos Nicolai/Lupo.

Nas quartas de final os brasileiros passaram pelos Fijalek e Prudel por 2 a 1, no jogo mais complicado na caminhada até a decisão. Por sua vez, na semifinal passearam diante dos letões Plavins e Smedins por 2 a 0 para garantir a medalha. 

A medalha de bronze do vôlei de praia masculino ficou com os letões Plavins e Smedins, que bateram os holandeses Nummerdor e Schuil por 2 sets a 1 também nesta quinta-feira.

O JOGO

  • Getty Images

    O jogo começou com Alison fechando o bloqueio e oferecendo seu cartão de visitas. As duas duplas se mantiveram sem falhas de ataque, e Emanuel começou a brilhar com o saque adversário forçado em cima do veterano. Os brasileiros desperdiçaram alguns serviços, mas não se abalaram emocionalmente e passaram na frente ao botarem pressão no ataque adversário. Mas Brink e Reckermann tiveram paciência sob a pressão de dois sets points contrários, contaram com um erro de ataque de Emanuel e conseguiram a virada na parcial por 23 a 21.

    Os brasileiros voltaram para o segundo set concentrados e conseguiram livrar uma diferença até então inédita na pontuação, com Emanuel achando caminhos quase impossíveis no duelo com o bloqueio alemão. O veterano levantou a torcida em um rali matando a jogada depois que seu boné caiu. Em seguida Alison ganhou uma disputa “mão de ferro” na rede e ampliou a vantagem. Fechou em 21 a 16.

    O set de desempate começou com ralis e trocas de liderança. Mas o contra-ataque alemão funcionou e os rivais da decisão conseguiram abrir vantagem. Emanuel e Alison pressionaram, mas encontraram Brink e Reckermann inabaláveis. Depois, dois erros seguidos de Emanuel praticamente ofereceram a vantagem que os europeus precisavam. Os brasileiros ainda conseguiram uma improvável reação com desvantagem de 11 a 14 no placar e empataram No entanto, os alemães não desperdiçaram mais match points a partir daí, em título que veio numa bola fora de Emanuel.

     

Brasileiros em Londres - dia 13
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