Musa paraguaia desabafa contra o governo, revela precariedade e não sabe seu futuro

José Ricardo Leite

Do UOL, em Londres (Inglaterra)

  • Bernd Thissen/EFE

    Leryn Franco se despede após ficar apenas em 34º lugar na eliminatória do lançamento de dardo

    Leryn Franco se despede após ficar apenas em 34º lugar na eliminatória do lançamento de dardo

A musa paraguaia Leryn Franco, 30 anos,fez um desabafo nesta terça-feira após terminar apenas na 34ª posição na série eliminatória do lançamento de dardo nos Jogos Olímpicos de Londres.

Franco atirou contra as autoridades do país pela falta de apoio ao esporte e disse não saber como será seu futuro daqui em diante. Não quis confirmar se continuará a competir e tentar uma vaga para os Jogos do Rio, em 2016.

“Não sei dizer sobre meu futuro. Tinha esperanças de fazer uma final olímpica. Tenho que saber reconhecer os momentos e não sei o que vou fazer da vida. Vai depender muito do apoio do governo do meu país. As ajudas que as autoridades têm que dar para os Jogos Olímpicos começam amanhã, e não um ano antes, como foi comigo”, falou.

“Não sei se vou estar no Rio. Não sei se vamos ter essa ajuda do nosso país, mas é a realidade dos atletas latinos. O Brasil, com todo apoio que tem, tem dificuldades para subir ao pódio. Temos que estar ao lado dos principais países, e não caminhando atrás. Estamos sempre atrás dos europeus e tendo que falar no futuro. Eu sempre falo. Estar nos Jogos Olímpicos é um sonho nosso, só nosso, dos atletas. Mas tem que ser o sonho do país, o sonho do governo. Não só o sonho do atleta”, continuou.

Leryn era esperada por apenas dois jornalistas paraguaios na zona mista e agradeceu em vários momentos a presença de ambos. O país sul-americano tem apenas oito representantes na Olimpíada de Londres. Um deles, o nadador Benjamim Hockin, não teve piscina para treinar em seu país e também reclamou bastante.

A atleta do dardo revelou algumas das condições precárias dos atletas, como não ter equipamentos para realizar fisioterapia. “Não temos dinheiro para fisioterapia e para operações. Não tem seguro médico para os esportistas. Nos Jogos Olímpicos temos seguro, mas para se preparar, não”, falou. “Eles tem que perguntar ´o que você necessita? O que você tem?´. Os atletas têm que chegar nas melhores condições. Estamos muito longe, porque não queremos chegar perto.”

Leryn Franco
Leryn Franco

A atleta reclamou também do excessivo apoio que se dá ao futebol em detrimento aos esportes olímpicos e disse que o incentivo ao esporte pode ajudar seu país socialmente.

“Sou fanática por futebol e adoro o futebol. Mas se tivéssemos metade do apoio que tem o futebol...não quero o mesmo apoio, mas a metade. O esporte é tão importante como a educação. Ele pode resolver muitos problemas sociais.”

Leryn Franco se divide entre a rotina de atleta e a de modelo, além de ser apresentadora de TV no seu país. Isso a atrapalha a treinar fora do país novamente, pois já fez treinamentos na Itália. “Tenho contrato com a televisão e não tenho apoio econômico da minha família. Então tenho que pensar na minha situação financeira.”

Por fim, disse que suas críticas ao governo em nada têm a ver com sua baixa performance. “Mas ressalto, tudo isso que disse hoje não tem nada a ver com meu desempenho”, finalizou.

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