Scheidt e Prada fracassam em estratégia agressiva e fecham Star só com o bronze
Bruno Freitas
Do UOL, em Weymouth (Inglaterra)
REUTERS/Pascal Lauener
Robert Scheidt e Bruno Prada sorriem ao serem anunciados no pódio, após a conquista do bronze
A estratégia agressiva para a última regata deste domingo não funcionou, e Robert Scheidt e Bruno Prada fracassaram na tentativa de reverter a vantagem dos britânicos Iain Percy e Andrew Simpson na briga pelo ouro na classe Star. Pior do que isso, os riscos assumidos para o desfecho da competição fizeram os brasileiros serem também superados pelos rivais da Suécia, que roubaram o ouro dos anfitriões e derrubaram a dupla do Brasil para a terceira colocação. Assim, o maior medalhista da história olímpica do Brasil acrescenta um bronze em seu repertório de conquistas.
SCHEIDT ADMITE ERRO
A gente tinha uma tática de cair pelo lado esquerdo, apostando que ia sair vento por ali, pelas informações que a gente tinha da previsão do tempo. Mas acabou saindo pela direita.
Robert Scheidt, sobre a escolha errada na regata da medalha
A dupla brasileira chegou aos Jogos de Londres como a principal favorita da classe, em razão do domínio sem precedentes da Star nos últimos anos, com dois títulos mundiais e um número extenso de conquistas internacionais. Mas o lugar mais alto do pódio não veio desta vez para o velejador brasileiro mais leureado da história e seu parceiro.
Com o status de maior medalhista olímpico garantido desta a última sexta-feira, Robert Scheidt entrou na regata final neste domingo para tentar o terceiro ouro de sua carreira olímpica, mas não conseguiu tirar a diferença em relação aos britânicos Simpson e Percy e ainda foram ultrapassados pelos suecos Fredrik Loof e Max Salminen, que ficaram com a medalha de ouro. Assim, ao lado do proeiro Bruno Prada, o velejador de 39 anos conquista seu primeiro bronze na Star, a segunda medalha desde que migrou definitivamente para esta classe.
Scheidt e Prada tentaram uma estratégia alternativa em uma última cartada para tentar o ouro, mas acabaram ficando para trás, vendo os suecos Loof e Salminen dispararem na liderança, em dia de ventos fortes nas águas de Weymouth e diante de um grande público que lotou as instalações olímpicas da vela. Por sua vez, Percy e Simpson se mantiveram entre os brasileiros e os suecos desde o início, tentando controlar a situação favorável na classificação geral.
Os brasileiros não conseguiram efeito com a manobra de cortar os adversários por trás no início da regata e terminaram a disputa do domingo na sétima posição. Os britânicos foram os oitavos, enquanto os suecos ficaram com o primeiro lugar na prova decisiva e surpreenderam ao ganhar a medalha de ouro, ultrapassando a dupla anfitriã e frustrando a torcida em Weymouth.
Os suecos terminaram com 32 pontos perdidos depois de 11 regatas, e os britânicos ficaram em segundo lugar, com 34. Os brasileiros tiveram 40 pontos perdidos e asseguraram a terceira posição na classificação geral.
A regata decisiva deste domingo reuniu apenas as dez melhores duplas da Star até então e ofereceu pontuação duplicada aos finalistas. Scheidt e Prada começaram a “medal race” com 8 pontos perdidos de desvantagem para os adversários britânicos. Para levarem o ouro, os brasileiros precisavam chegar cinco posições à frente de Percy e Simpson e, no máximo, uma colocação atrás dos suecos Loof e Salminen. Com uma diferença de 27 pontos para os quartos colocados, eles já tinham assegurado o pódio antecipadamente.
No Mundial deste ano em Hyères, na França, Scheidt e Prada haviam conseguido tirar uma diferença semelhante em relação aos britânicos na regata decisiva, para levar o terceiro título da dupla no evento. Mas desta vez os rivais estiveram sempre juntos, e os suecos aproveitaram para abrir vantagem e vencer a regata com diferença suficiente para conseguir o ouro.
SCHEIDT X TORBEN:
Robert Scheidt
Ouro: Atlanta-1996 e Atenas-2004
Prata: Sydney-2000 e Pequim-2008
Bronze: Londres-2012
Torben Grael
Ouro: Atlanta-1996 e Atenas-2004
Prata: Los Angeles-1984
Bronze: Seul-1988 e Sydney-2000
Brasileiros e britânicos foram as únicas duplas que conseguiram ganhar pelo menos três regatas na disputa da Star olímpica, e os suecos tinham vencido só duas. No final, pesou a regularidade de Loof e Salminen, que também se aproveitaram da pontuação dobrada da regata decisiva.
Desta forma, Scheidt sobe em um pódio olímpico pela quinta vez na carreira e se iguala ao também velejador Torben Grael como maior medalhista olímpico da história do Brasil [Torben tem dois ouros e dois bronzes na Star e uma prata na classe Soling].
Nos anos de Laser, o velejador paulista conquistou o ouro em Atlanta-1996 e Atenas-2004 e a prata em Sydney-2000. Já ao lado de Bruno Prada na Star, já havia subido ao pódio na segunda colocação de Pequim-2008, também em derrota para os britânicos Ian Percy e Andrew Simpson.
Por sua vez, o proeiro Bruno Prada, de 41 anos, conquistou três títulos mundiais de Star ao lado de Scheidt, incluindo o bicampeonato dos últimos dois anos. Antes de formar a parceria, o velejador já havia levado uma medalha de bronze na classe Finn nos Jogos Pan-Americanos de Winnipeg em 1999.