Maratonista do Sudão do Sul quer representar sua nação mesmo sob bandeira olímpica
Das agências internacionais, em Londres (Inglaterra)
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Reprodução Iowa State Daily
Guor Marial é do Sudão do Sul, mas correrá sob a bandeira olímpica na maratona de Londres
O maratonista Guor Marial, do Sudão do Sul, irá competir nos Jogos Olímpicos de Londres sob a bandeira olímpica, mas revelou que irá representar o seu novo país e os refugiados por conta da guerra civil. O corredor falou com a agência de notícias Reuters antes de viajar para a Inglaterra.
“Eu estarei vestindo o uniforme olímpico, mas por dentro eu estarei levando a bandeira do Sudão do Sul, representando os moradores do país e também os refugiados”, disse Marial em entrevista por telefone.
O corredor, de 28 anos e morador nos Estados Unidos desde os 16, não pôde integrar a delegação do país por não ser um cidadão norte-americano. E como o Sudão do Sul, que foi reconhecido como país independente apenas no ano passado, ainda não criou um comitê olímpico, não sendo autorizado a mandar uma equipe aos Jogos.
O COI sugeriu que Marial corresse pelo Sudão, proposta que foi recusada pelo corredor, que disse que isso seria uma traição com seu país, sua família e todos aqueles que morreram na guerra nas últimas décadas até que o acordo de paz fosse assinado em 2005.
Marial, que perdeu 28 familiares durante o conflito e foi sequestrado duas vezes, chegou a Londres nesta sexta-feira e só soube que poderia competir como um atleta independente – no total, são quarto no Jogos – na noite anterior.
“Estou muito feliz que o Sudão do Sul conquistou a independência e que em um ano tenha chegado até aqui. Estou muito agradecido que o nome do Sudão do Sul esteja nos Jogos”, disse.
“É ótimo ver varias pessoas se comovendo com a minha história. Amo o apoio que tenho recebido e sei que aqui terei ainda mais”, disse Marial.
O corredor conquistou o direito de competir em Londres em outubro do ano passado e fez seu melhor tempo em San Diego no mês passado, com 2h12min55s. O recorde mundial é nove minutos abaixo da marca de Marial, que o deixa longe da briga por medalhas, mas com a projeção de terminar a prova entre os 20 primeiros.
O corredor nasceu junto com o início da guerra e na segunda vez que foi sequestrado foi obrigado a trabalhar sem receber salário para a família de um soldado sudanês. Aos 14 anos, ele fugiu do país.
Depois de ficar inicialmente no Egito, ele foi aceito como refugiado nos Estados Unidos, onde seu talento para o esporte foi descoberto pelos seus professores.
Marial revelou que não tem contado com seus parentes de 1993 e que eles vivem em uma pequena vila no Sudão do Sul, sem eletricidade nem telefone e espera que alguém permita que eles possam assistir sua corrida pela televisão.