Favorita ao ouro, Mayra terá de superar "maldição" de Londres para vencer no judô
Gustavo Franceschini
Do UOL, em Londres (Inglaterra)
-
Daniel Zappe/Fotocom
Mayra Aguiar é a grande favorita da categoria meio-pesado, mas terá de lidar com o histórico de zebras
- CAMILO PERDE BRONZE PARA GREGO E VOLTA SEM MEDALHAS PELA 1ª VEZ
- CAMILO ASSUME O ERRO E ADMITE "MUITA TRISTEZA" APÓS PERDER O BRONZE
-
COM MOICANO À LA NEYMAR, JUDOCA ALEMÃ ROUBA A CENA AOS BERROS
Uma das principais esperanças de medalha da delegação brasileira, Mayra Aguiar pode ter se assustado assistindo ao judô nos últimos dias. Desde o primeiro dia de competições da modalidade, quase todos os que chegaram como líderes do ranking olímpico ficaram pelo caminho e deixaram o ouro com atletas menos cotados, justamente o que a brasileira terá de evitar na próxima quinta-feira.
Não se trata, é claro, apenas de uma coincidência, ou simplesmente uma “maldição”. Os judocas explicam que quem está no topo é muito mais estudado pelos rivais, tem seus pontos fortes bloqueados e às vezes fica mais vulnerável. Ney Wilson, coordenador-técnico da seleção, explica que essa característica do torneio londrino pode até favorecer a seleção.
“Eu ainda acredito que vamos cumprir a meta que estabelecemos de quatro medalhas. Temos mais quatro atletas para lutar, e a competição está mostrando que os favoritos estão perdendo, que nada está definido”, disse o dirigente.
Este não é o caso de Mayra Aguiar, que está longe de ser uma zebra. Na verdade, ela é a última favorita que restou na delegação do Brasil. Líder do ranking olímpico (fechado em abril), ela é a principal candidata ao ouro, mas terá de quebrar a “maldição”.
Até agora, dez categorias, somados os dois gêneros, distribuíram medalhas em Londres. Em somente duas delas quem entrou como o mais cotado da competição subiu no lugar mais alto do pódio. A “maldição” dos favoritos, que já ajudou Sarah Menezes no primeiro dia, tirou de Leandro Guilheiro sua terceira medalha na carreira.
A brasileira foi campeã da categoria ligeiro, que tinha a japonesa Tomoko Fukumi como favorita. A rival caiu na semifinal, não pegou sequer um bronze e deixou Sarah bem feliz, já que era a rival mais difícil para a piauiense. No mesmo dia, entre os homens, o uzbeque Rishod Sobirov, tido como um dos judocas mais dominantes entre todas as categorias, perdeu a semifinal de maneira surpreendente para o russo Arsen Galstyan, que seria campeão.
No segundo dia de lutas, o cenário foi o mesmo. A primeira a quebrar a “escrita” foi a japonesa Kaori Matsumoto, na segunda, que varreu a categoria leve e foi campeã. Na última terça, no entanto, a “maldição” voltou a reinar, e desta vez afetou Leandro Guilheiro.
O brasileiro chegou como o primeiro do ranking olímpico, fechado em abril, e foi o primeiro cabeça de chave dos meio-médios. Só que ele não resistiu ao norte-americano Travis Stevens nas quartas, foi mal na repescagem e ficou longe da medalha de ouro, que acabou com o sul-coreano Jae-Bum Kim, vice-líder da lista.
“Todos os atletas conheciam os meus golpes, tentaram anular meus pontos fortes e conseguiram. Eles estiveram em um dia melhor do que eu”, resumiu Guilheiro após sua eliminação.
Nesta quarta, parecia que a sorte mudaria de lado. Tiago Camilo, sexto do ranking, chegou a uma semifinal que já não tinha nenhum dos líderes do ranking, inclusive o bicampeão mundial Ilias Iliadis, da Grécia, que acabaria tirando o bronze do brasileiro. Entre as mulheres, no entanto, a francesa Lucie Decosse se impôs, não deu espaço às rivais e confirmou seu favoritismo, exatamente como espera fazer Mayra Aguiar nesta quinta.