Favorita ao ouro, Mayra terá de superar "maldição" de Londres para vencer no judô

Gustavo Franceschini

Do UOL, em Londres (Inglaterra)

Uma das principais esperanças de medalha da delegação brasileira, Mayra Aguiar pode ter se assustado assistindo ao judô nos últimos dias. Desde o primeiro dia de competições da modalidade, quase todos os que chegaram como líderes do ranking olímpico ficaram pelo caminho e deixaram o ouro com atletas menos cotados, justamente o que a brasileira terá de evitar na próxima quinta-feira.

Não se trata, é claro, apenas de uma coincidência, ou simplesmente uma “maldição”. Os judocas explicam que quem está no topo é muito mais estudado pelos rivais, tem seus pontos fortes bloqueados e às vezes fica mais vulnerável. Ney Wilson, coordenador-técnico da seleção, explica que essa característica do torneio londrino pode até favorecer a seleção.

“Eu ainda acredito que vamos cumprir a meta que estabelecemos de quatro medalhas. Temos mais quatro atletas para lutar, e a competição está mostrando que os favoritos estão perdendo, que nada está definido”, disse o dirigente.

Este não é o caso de Mayra Aguiar, que está longe de ser uma zebra. Na verdade, ela é a última favorita que restou na delegação do Brasil. Líder do ranking olímpico (fechado em abril), ela é a principal candidata ao ouro, mas terá de quebrar a “maldição”.

Até agora, dez categorias, somados os dois gêneros, distribuíram medalhas em Londres. Em somente duas delas quem entrou como o mais cotado da competição subiu no lugar mais alto do pódio. A “maldição” dos favoritos, que já ajudou Sarah Menezes no primeiro dia, tirou de Leandro Guilheiro sua terceira medalha na carreira.

A brasileira foi campeã da categoria ligeiro, que tinha a japonesa Tomoko Fukumi como favorita. A rival caiu na semifinal, não pegou sequer um bronze e deixou Sarah bem feliz, já que era a rival mais difícil para a piauiense. No mesmo dia, entre os homens, o uzbeque Rishod Sobirov, tido como um dos judocas mais dominantes entre todas as categorias, perdeu a semifinal de maneira surpreendente para o russo Arsen Galstyan, que seria campeão.

No segundo dia de lutas, o cenário foi o mesmo. A primeira a quebrar a “escrita” foi a japonesa Kaori Matsumoto, na segunda, que varreu a categoria leve e foi campeã. Na última terça, no entanto, a “maldição” voltou a reinar, e desta vez afetou Leandro Guilheiro.

O brasileiro chegou como o primeiro do ranking olímpico, fechado em abril, e foi o primeiro cabeça de chave dos meio-médios. Só que ele não resistiu ao norte-americano Travis Stevens nas quartas, foi mal na repescagem e ficou longe da medalha de ouro, que acabou com o sul-coreano Jae-Bum Kim, vice-líder da lista.

“Todos os atletas conheciam os meus golpes, tentaram anular meus pontos fortes e conseguiram. Eles estiveram em um dia melhor do que eu”, resumiu Guilheiro após sua eliminação.

Nesta quarta, parecia que a sorte mudaria de lado. Tiago Camilo, sexto do ranking, chegou a uma semifinal que já não tinha nenhum dos líderes do ranking, inclusive o bicampeão mundial Ilias Iliadis, da Grécia, que acabaria tirando o bronze do brasileiro. Entre as mulheres, no entanto, a francesa Lucie Decosse se impôs, não deu espaço às rivais e confirmou seu favoritismo, exatamente como espera fazer Mayra Aguiar nesta quinta. 

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