Em jogo nervoso, Estados Unidos batem Coreia do Norte e fecham primeira fase com três vitórias

Do UOL, em São Paulo

Em um dos confrontos mais aguardados dos Jogos Olímpicos de Londres, especialmente pelas questões extracampo, a seleção feminina de futebol dos Estados Unidos venceu nesta terça-feira a equipe da Coreia do Norte por 1 a 0, no estádio Old Trafford, em Manchester.

O resultado garantiu para as norte-americanas o primeiro lugar do Grupo G da competição, com nove pontos. Na próxima fase, as atuais bicampeãs olímpicas enfrentam o time da Nova Zelândia. Já as asiáticas dão adeus à Londres.

A partida era cercada de muita expectativa por conta da inimizade diplomática entre os dois países e, durante o segundo tempo, o jogo foi bem pegado.

Ao pisaram no gramado do Old Trafford, as atletas dois dois países não se olharam. Elas apenas se cumprimentaram, como parte das formalidades, após a execução dos seus respectivos hinos nacionais.

Estados Unidos e Coreia do Norte
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Com a bola rolando, as asiáticas ficaram fechadas, mostrando que iriam se defender a todo custo, já que um empate garantiria matematicamente a classificação norte-coreana. Quando tinham a posse de bola, erravam muitos passes, demonstrando certo nervosismo e ausência de qualidade técnica.

Dessa maneira, logo nos primeiros minutos, os Estados Unidos controlavam os espaços, chegando com facilidade no campo defensivo norte-coreano, principalmente em investidas de Morgan e Wambach. A goleira norte-coreana O Chang-Ran esforçava-se muito para espalmar espalmar cada bola adversária para a linha de fundo.

Aos 13 minutos, a árbitra sueca Jenny Palmqvist distribuiu o primeiro cartão amarelo do jogo, para Ri Ye-Gyong, depois de derrubar LePeilbet no meio-campo. Três minutos depois, foi a vez de Cheney ser advertida com o mesmo cartão, após disputa mais dura com Song Hui Kim. Tanto nestes duas jogadas quanto em outros lances faltosos ao longo do jogo, não houve qualquer gesto desportivo entre as atletas, como pedir desculpa ou dar a mão a rival caída.

Empurrada pela torcida, as norte-americanas seguiram sua pressão e quase abriram o placar quando Morgan mandou um bola na trave direita de O Chang-Ran. Aos 25 min, finalmente saiu o gol norte-americano. Após receber um passe muito longo, Morgan dominou dentro da grande área, tirou duas marcadoras e rolou com muita categoria para Wambach anotar seu terceiro gol nos Jogos de Londres.

Na comemoração, as jogadoras norte-americanas reuniram-se na linha de fundo, dando-se as mãos. Já a goleira O Chang-Ran ficou deitada no gramado, lamentando o gol sofrido.

Superiores em campo, os Estados Unidos perderam diversas oportunidades para ampliar o resultado. Aos 38 min, a veterana Wambach mandou a segunda bola na trave direita norte-coreana. No rebote, a defendora LePeilbet chocou-se com a goleira O Chang-Ran, que chegou a ficar caída. Após receber rápido atendimento médico, ela prosseguiu na partida.

Ao fim do primeiro tempo, as jogadoras da Coreia do Norte esperaram que as norte-americanas se dirigirem primeiro ao túnel que dava acesso aos vestiários do Old Trafford para depois saírem de campo.

Na etapa final, a Coreia do Norte chegou ao ataque após um erro de passe das norte-americanas. Kim Su Gyong roubou a bola no meio-campo e foi parada perto da grande área por Lloyd. Na cobrança da falta, Kim Nam Hui pegou muito mal e mandou longe da meta norte-americana.

As norte-coreanas passaram a ceder mais mais espaço à seleção dos Estados Unidos, que chegou novamente ao gol adversário aos 4 minutos. Depois de receber passe pela esquerda, Tobin Heath. livre de marcação, invadiu a área asiática, mas mandou a bola por cima do travessão, perdendo uma chance incrível para ampliar o placar.

Mas a seleção norte-americana começou a errar muitos passes no meio-campo, e a equipe asiática começar a chegar mais ao ataque, ainda que sem perigo para Hope Solo. A goleira norte-americana fez sua primeira defesa somente aos 20 minutos, depois de se antecipar a Choe Yong Sim. A jogadora da Coreia do Norte levantou o pé e pegou de leve Hope Solo, que olhou feio para a defensora asiática.

Era o início do momento mais brigado da partida, com entradas fortes por parte das atletas das duas equipes. Em um desses lances, Choe Mi-Gyong pegou sem bola Lloyd e, além de receber um cartão amarelo da árbitra sueca, foi encarada pela norte-americana. Seis minutos depois, aos 36 min, a camisa 9 chegou com força novamente, desta vez em Cheney, e acabou expulsa de campo.

As norte-americanas também não deixaram por menos, e Wambach pegou forte Pong Son-Hwa. A atacante estendeu a mão para a norte-coreana caída no chão, mas a adversária ignorou o gesto da camisa 14 dos Estados Unidos.

Perto do término da partida, as norte-americanas voltaram a pressionar ofensivamente a Coreia do Norte, mas sem muito sucesso. Depois do apito final, as jogadoras se cumprimentaram de maneira fria.

Belas da Olimpíada
Belas da Olimpíada

Estados Unidos e Coreia do Norte não possuem relações diplomáticas formais desde o fim da Segunda Guerra Mundial. A animosidade entre os dois países teve início com a ocupação militar e a partilha da Coreia pelas duas grandes potências da época, Estados Unidos (com o sul) e União Soviética (com o norte), durante os primeiros anos da Guerra Fria.

Em 1950, a superpotência capitalista envolveu-se diretamente na Guerra da Coreia, lutando ao lado dos sul-coreanos. O conflito, um dos mais sangrentos do século XX, com cerca de três milhões de mortos, foi encerrado com um armistício assinado entre sul e norte-coreanos em 1953.

Desde então, Washington e Pyongyang compartilham rusgas diplomáticas, com o regime norte-coreano cada vez mais isolado internacionalmente, especialmente pelo desenvolvimento de seu polêmico programa nuclear, muito contestado pelas potências ocidentais.

*Atualizado às 17h50

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