Em meio à polêmicas políticas e esportivas, EUA e Coreia do Norte duelam no futebol feminino
Das agências internacionais, em Londres (Inglaterra)
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AP Photo/James Crossan
Imagem no telão mostra bandeira errada da Coreia do Norte antes de jogo do futebol feminino
Os Jogos Olímpicos costumam colocar frente a frente nas quadras, pistas e piscinas países que não têm boas relações políticas. O torneio feminino de futebol reservou para esta terça-feira talvez um dos duelos mais esperados da Olimpíada, justamente pelas questões extracampo. Estados Unidos e Coreia do Norte se enfrentarão pelo Grupo G da competição, às 13h15, cercados de expectativa.
Os dois países praticamente não dialogam politicamente, cenário que ficou ainda mais complexo depois que o então presidente norte-americano George Bush classificou a Coreia do Norte como integrante do “eixo do mal”, ao lado de Irã e Iraque, por conta da desconfiança sobre as intenções do país asiático com relação às armas nucleares.
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As atenções estão voltadas para as asiáticas desde que na estreia dos Jogos de Londres a organização dos Jogos mostrou a escalação da equipe com a bandeira da vizinha, e também 'inimiga política', Coreia do Sul. As jogadoras de um dos países mais fechados do mundo atrasaram o início da partida contra a Colômbia, em forma de protesto.
A parte o conflito entre Estados Unidos e a extinta União Soviética após a Segunda Guerra Mundial, as duas Coreias alternam momentos de paz com outros de iminente "guerra" desde que o Sul capitalista, apoiado pelos Estados Unidos, e os comunistas do Norte, com China e os soviéticos, guerrearem entre 1950 e 1953.
Com todo este cenário, com polêmicas esportivas e políticas, seria difícil imaginar que dois países tão diferentes pudessem se enfrentar.
De um lado, o país que tem uma das economias mais poderosas no mundo, cuja sua cultura influencia milhões de pessoas além da sua fronteira e uma sociedade ligada 24 horas nos meios de comunicação e na internet.
Do outro, um país que se transformou em uma fortaleza praticamente impenetrável, montada por uma dinastia de ditadores, separado do resto do mundo por arames farpados e com controle total sobre qualquer forma de comunicação, uma economia devastada, onde milhões sofrem com a falta de comida.
A KCNA, a agência de notícias oficial do país, tem informado o desempenho dos seus atletas nos Jogos Olímpicos em uma clara tentativa de ligar o esporte à política. Até o fim do terceiro dia de competições, a Coreia do Norte ocupava o quarto lugar do quadro de medalhas, com três ouros e um bronze.
No futebol, os Estados Unidos estão no primeiro lugar do Grupo G, com seis pontos e precisam apenas de um empate para assegurar a liderança - a vaga para a próxima fase já está . Já a Coreia do Norte tem três pontos e precisa da vitória para seguir nos Jogos.
Considerado uma grande zebra, o país asiático tem como exemplo a histórica vitória da seleção masculina sobre a Itália, na Copa do Mundo de 1966.