Saudade compulsiva faz Keila Costa equipar mãe virtualmente para evitar "pesadelo" em Londres

José Ricardo Leite

Do UOL, em São Paulo

  • Bruno Miani/Cbat/Divulgação

    Keila Costa equipa mãe virtualmente para não sofrer na Olimpíada

    Keila Costa equipa mãe virtualmente para não sofrer na Olimpíada

Ter que abandonar a barra de saia da mãe, a comidinha de casa e o lar de criação é uma dificuldade comum para muitas pessoas. Mas, para a atleta olímpica brasileira Keila Costa, esse processo rendeu boas doses de choro e hoje a faz recorrer a longos telefonemas.

Keila, que competirá nos Jogos Olímpicos no salto tripo, foi criada na cidade de Abreu e Lima, em Pernambuco, e resistiu muito para deixar de treinar por lá, em uma pista sem estrutura, para só em 2005 decidir fazer nova aposta na carreira e ir para Presidente Prudente (SP). Mais tarde, deixou o interior paulista rumo à capital do Estado, onde vive hoje.

KEILA SE DIZ "CHATA" DE TANTO CHORAR

  • Keila Costa superou as dificuldades da saudade para deixar a família em Pernambuco

Tudo isso gerou muita choradeira. A própria Keila se define como uma chorona. “Chego a ser até chata de tão chorona”, definiu.

A paixão pela mãe, Maria José da Silva, faz com que Keila tenha a compulsiva necessidade de falar com ela várias vezes durante o dia.

“Quando não falo com ela, tenho pesadelo, acho que ela está com raiva de mim. É muito louco isso, não sei o que acontece. Eu era muito caseira quando morava no Recife, e minha vida era só treino e casa, treino e casa”, falou ao UOL Esporte.

“Então, quando eu fui pra São Paulo ninguém acreditou que eu ficaria, mas deu certo. Quando fui morar em São Paulo, ela ficou e morou comigo uns quatro meses. Mas depois voltou”, continuou.

Os Jogos Olímpicos de Londres serão um bom teste para a convivência a distância entre Maria José e Keila, já que a mãe da atleta vai ficar em Pernambuco e não presenciará a participação da filha.

Como complicadores, o fuso horário e a pesada rotina de compromissos e treinos na capital inglesa até o dia de competir. Mas para isso a atleta já deu um jeito. Ela e as irmãs já equiparam virtualmente e ensinaram a mãe a utilizar os comunicadores da internet para facilitar tudo.

“Bom, pra isso já deixei tudo preparado, minhas irmãs estão lá. Fiz Skype pra ela, e minha irmã fez um Facebook pra que a gente possa se falar de alguma forma. Tem várias coisas que pretendo ensinar pra ela para estarmos nos falando de qualquer maneira”, afirmou. “Todo dia vou estar na internet. De alguma maneira eu tenho que falar com ela”, completou.

Keila é pentacampeã do Troféu Brasil e tem o recorde nacional no salto triplo, com 14,57 m, marca obtida em 2007. Ela já participou de duas edições anteriores de Olimpíadas, em 2004 e 2008. E admite que na primeira se deslumbrou um pouco, fato que não será repetido agora, mais experiente.

“Comecei a ver atletas que via pela TV, internet, sabia resultados e eu estava ali no meio delas, das melhores do mundo. Pra mim foi uma coisa diferente. Não fazia competições como faço hoje e conheço as adversárias. Mas isso acaba sendo normal. Eu não tive essa preparação antes. Eu só fiz o índice. Não era uma coisa que a gente planejava. Aconteceu, mas não estava preparada. Mas foi uma experiência muito boa”, falou.

“Mas agora é bem diferente, bem diferente mesmo, depois de participar de Olimpíadas e Mundiais”, finalizou.

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