Veteranos do Brasil em Olimpíadas lembram de orelhão na Vila e bilhetinhos embaixo da porta

José Ricardo Leite

Do UOL, em São Paulo

  • AgNews

    Hortência, jogadora em 92 e cartola em 2012, pede cuidado com avanço tecnológico

    Hortência, jogadora em 92 e cartola em 2012, pede cuidado com avanço tecnológico

Vinte anos se passaram depois de suas primeiras participações em Jogos Olímpicos, na edição de Barcelona, em 1992, e eles continuam na ativa, agora em Londres, na mesma situação que antes ou em diferentes funções.

Hugo Hoyama, 43 anos, atleta do tênis de mesa, vai para a sua sexta participação. Esteve em todas as outras neste período.


José Roberto Guimarães, 57, campeão com a seleção masculina em 92, continua técnico. Agora do feminino, por quem já disputou as edições de 2004, em Atenas, e 2008, em Pequim, quando venceu seu segundo ouro.

Hortência só foi disputar sua primeira Olimpíada em 92, aos 32 anos. Ganhou a prata na edição seguinte e deixou a seleção. Hoje é diretora da seleção feminina que vai a Londres.

Passadas duas décadas, eles destacam as mudanças tecnológicas da modernidade e o que precisavam fazer sem elas para se comunicar em uma época que não havia celular, máquina digital e redes sociais da internet, como Facebook e Twitter.

“Antes era isso de pegar o cartão [telefônico] e ter que ligar. Mas não dava pra ligar todo dia porque ficava caro”, diz Hugo Hoyama, que lembra que hoje pode ver vídeos de adversários pelo Youtube. “Antes tinha que gravar, cada um levava uma filmadora, era bem mais difícil.”

 

O atual comandante da seleção feminina de vôlei lembra que há 20 anos sua comissão técnica tinha trabalho para poder observar adversários e utilizava equipamentos grandes e pouco práticos. “Usávamos aquela câmera enorme, igual de televisão, com fita grande. Era complicado. Não tínhamos estatísticas, tudo era mais difícil. Era muito complicado. Era muito empírico, tinha times que nem usavam vídeos.”

Zé Roberto comentou ainda sobre a comunicação por orelhão e até brincou ao lembrar que o ex-jogador Marcelo Negrão era um frequentador assíduo das cabines. “Orelhão era a única forma [de se comunicar com o Brasil]. Uma das coisas que mais me marcou naquela edição era o Marcelo Negrão, o cara que mais ficava no orelhão. Era só ter um tempinho e ele corria para lá para falar com a namorada”, falou.

Mas a preocupação sempre existe com a modernidade. “É bom e não muito bom ao mesmo tempo. É bom porque o conhecimento fica muito maior, tem acesso, informação, pesquisa [de adversários]. Ao mesmo tempo sua vida fica muito mais aberta. Um deslize e todo mundo fica sabendo”, disse Hortência.

Hoje supervisor da equipe de canoagem, Sebastian Cuattrin lembra que na edição de Barcelona, quando foi competidor, os atletas não sabiam dos cronogramas das provas por meios digitais, como hoje. “Era boletim embaixo da porta para saber o que ia acontecer no dia seguinte. Um boletim feito pelo COB. Hoje te, boletim é online e no celular”, falou.

HUGO COMEMORA ECONOMIA E USA MEIOS DIGITAIS

  • O mesa-tenista diz que sempre foi sozinho a edições de Jogos Olímpicos. Em Barcelona, usava cartões para se comunicar. Mas agora é diferente.“Antes era isso de pegar o cartão e ter que ligar. Os cartões eram mais baratos, não tinha internet, nada disso, era na base do telefone mesmo. Mas não dava para ficar ligando todo dia porque era caro”, falou. “Hoje acesso direto o Skype para falar com minha mulher e meus pais. É bom usar os meios digitais para isso”. Mas ele diz lembrar pouco de outras coisas. "Minha memória é muito fraca pra essas coisas. Pra mim foi legal porque foi a primeira vez que fiquei na Vila Olímpica."

HORTÊNCIA PREGA BOM USO DA MODERNIDADE POR SUAS ATLETAS

  • AgNews

    Agora cartola, Hortência admite que as novas ferramentas digitais facilitam tanto no esporte como no lazer de atletas. Mas pede moderação e diz conversar com as jogadoras sobre os cuidados para não se exporem. "Proibir não, você tem que orientar. Quanto menos usar na época de preparação é melhor. Sempre tem comentários, esse negócio de papo de internet, sempre se fala. Por isso fazemos treinamentos para que elas saibam o que possam colocar. A decisão é delas, mas falamos os prós e os contras."

ZÉ ROBERTO USA SÓ CELULAR E SKYPE, MAS NÃO IMPÕE RESTRIÇÕES

  • Jorge Araújo/Folhapress

    Zé Roberto diz não usar Twitter e nem Facebook, mas apenas Skype e celular para se comunicar. Mas diz não impor nenhuma restrição para as suas atletas, apenas pede cuidado. “Não tem nenhuma [restrição]. Acho que é uma coisa pessoal. Elas têm que ter responsabilidade pelos atos, são pessoas públicas que muita gente conhece”, falou. “Elas precisam ter respeito com elas mesmas, sempre, com o que estão escrevendo. Mas precisam se comunicar”, continuou. Sua família deve estar presente em Londres.


 

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