Após crise, dirigente da ginástica diz que "acabou o carinho" e cobra vaga olímpica

Gustavo Franceschini

Em São Paulo

O discurso de otimismo e confiança de que a vaga olímpica ainda é possível não impediu a Confederação Brasileira de Ginástica de cobrar a seleção feminina. Após o fraco desempenho no Mundial e no Pan, com direito a crise interna, a coordenadora da equipe conta que Daniele Hypolito, Daiane dos Santos e companhia foram cobradas pela entidade.

“Houve uma cobrança da própria presidente quanto ao resultado. Falamos que agora é a hora do vamos ver e vocês têm de dar resultado. Não tem mais essa de carinho. Vamos tratar como profissionais que somos. O couro come mesmo. Ninguém tem de morrer de amor uma pela outra. Temos de lutar pelo mesmo objetivo”, disse Georgette Vidor, coordenadora da seleção feminina.

A seleção terá sua última chance de conquistar a vaga para os Jogos Olímpicos de Londres em janeiro de 2012, no evento-teste da modalidade na Inglaterra. Para isso, o time terá a ajuda providencial de Jade Barbosa, que não disputou o Pan de Guadalajara com uma lesão no tornozelo.

Mesmo assim, terá de superar seus próprios fantasmas para marcar presença na terceira Olimpíada consecutiva. No Mundial do Japão, disputado no início de outubro, as meninas ficaram fora do pódio no individual e abaixo da oitava posição na disputa por equipes, adiando a possível conquista da vaga.

No Pan, o cansaço pela maratona pesou e o Brasil ficou fora do pódio por equipes pela primeira vez desde 1995. Além disso, Adrian Nunes e Daniele Hypolito expuseram que o clima era dos piores, com meninas falando das outras “por trás” e divergências de opiniões.

“Quando a gente está com maus resultados todos os problemas afloram. As meninas são de uma geração que teve bons resultados. Claro que se envergonharam, e aí uma coloca a culpa na outra. Elas já estavam um mês juntas. São jovens, com hormônios à flor da pele. Depois de um mês fica tudo muito complicado. Começam a haver aquelas picuinhas”, disse Georgette, que aposta que sua influência sobre as ginastas vai impedir novas crises.

Tecnicamente, ela diz que os técnicos estão contando com um leve crescimento de todas as novatas e uma apresentação bem superior de Jade em comparação com o Mundial. Ao lado de Daniele Hypolito, ela é a aposta de boas notas do Brasil. Daiane dos Santos, estrela da companhia em outros tempos, não goza de tanto prestígio.

“Eu acho que a Daiane... Na realidade não tem muito como subir as notas dela. Ela tem falhas de execução. O que a gente espera é melhorar. Ela já emagreceu um pouco. A gente está trabalhando muito em cima dos erros. Não vamos insistir em movimentos que sabemos que têm descontos”, avaliou Georgette.

Toda a equipe brasileira está reunida no Rio de Janeiro, treinando no ginásio do Flamengo. A competição-chave para a seleção começa no dia 10 de janeiro, em Londres. Além das meninas, os homens também brigam pela vaga por equipe. Diego Hypolito e Arthur zanetti, medalhistas no último Mundial, já têm vaga assegurada. 

Ginástica artística
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