Gigantismo se esconde atrás de terrorismo, que deixa 18 mortos e mancha Olimpíada alemã
A Olimpíada de Munique imaginava ficar na história por seu gigantismo, mas ficou marcada pela matança de 18 pessoas, entre atletas israelenses, terroristas palestinos e policiais. Pela primeira vez, o maior evento esportivo do mundo foi paralisado. Cogitou-se suspender os Jogos, mas o Comitê Olímpico Internacional decidiu manter a programação original.
O mundo se comoveu na manhã do dia 5 de setembro, quando um grupo de terroristas palestinos da organização Setembro Negro invadiu a Vila Olímpica de Munique e ingressou nos dormitórios da delegação israelense. Duas pessoas foram assassinadas imediatamente e outras nove foram feitas reféns do grupo. Os terroristas pediram a libertação de 200 árabes prisioneiros em Israel e ameaçaram executar dois reféns a cada hora.
As competições tiveram que ser suspensas enquanto aconteciam as negociações entre os palestinos e as autoridades alemãs. A Vila Olímpica foi cercada por 4.000 policiais. Com a chegada da noite, a polícia convenceu o comando a seguir para o Cairo (Egito). Dois helicópteros partiram com os oito palestinos e os nove reféns em direção ao aeroporto militar. Na chegada ao aeroporto, a polícia lançou um ataque que resultou em verdadeiro fracasso: morreram 18 pessoas, entre elas os nove reféns, cinco terroristas palestinos, um policial e o piloto de um dos helicópteros.
O incidente paralisou os Jogos por 34 horas. Holanda e Noruega abandonaram a competição, mas depois desistiram da ideia. Até o presidente do Comitê Organizador dos Jogos, o alemão Willi Daume, pediu o cancelamento definitivo do evento, mas o COI decidiu continuar a Olimpíada. Em homenagem aos mortos, foi realizada uma cerimônia no estádio de Munique. A competição prosseguiu, mas sem o mesmo brilho.
Os Jogos de 1972, no coração da Baviera, marcaram o início do gigantismo nas Olimpíadas. A Vila Olímpica tinha capacidade para 16 mil pessoas, e o estádio, com 75 mil m², era uma inovadora obra de arquitetura, com seu teto suspenso de lona transparente.
Dois bronzes para o Brasil
O Brasil participou com quase o mesmo número de atletas da edição anterior, 89 contra 84 na Cidade do México. Presente outra vez em 13 modalidades, os brasileiros conquistaram duas medalhas de bronze.
No atletismo, e mais uma vez no salto triplo, o Brasil chegou ao pódio com Nelson Prudêncio. Prata na Cidade do México-1968, Prudêncio saltou 17,05 m em Munique, contra os 17,35 m do vencedor, o soviético Viktor Saneyev. A prata ficou com o alemão oriental Joerg Drehmel, que saltou 17,31 m.
No judô, o Brasil ganhou o bronze com Chiaki Ishii, na categoria meio-pesado. O atleta também disputou a categoria absoluto, terminando na sétima colocação. O japonês naturalizado brasileiro é pai de Vânia Ishii, medalha de ouro no Pan de Winnipeg-1999 e prata no de Santo Domingo-2003, na categoria meio-médio.
Nos esportes coletivos, os brasileiros não foram bem. Além do futebol, eliminado na primeira fase, no basquete e no vôlei as equipes masculinas terminaram em sétimo e oitavo lugares, respectivamente.