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Ginástica Artística

AFP/Franck Fife
Diego cai no solo e perde a chance de medalha

Diego Hypólito

"Não vai ser a operação ou um mosquito que vão me atrapalhar. Já passei por situações piores, e meses depois fui campeão mundial"

Data de nascimento
19/06/1986
Local de nascimento
Santo André (SP)
Residência
Rio de Janeiro (RJ)
Peso e altura
69 kg / 1,70 m
Prova
Salto e solo
Participação em Pequim
Solo: 6º lugar
Salto: eliminado na 1ª fase

Diego Hypólito chegou às Olimpíadas de Pequim em situação parecida à de Daiane dos Santos há quatro anos. Na Grécia, a ginasta gaúcha era considerada uma das favoritas no solo. O brasileiro, da mesma forma, chegou com status de ser bicampeão mundial e ter uma medalha de ouro no Pan.

Na final do solo, Diego foi o terceiro a se apresentar. Ele competiu logo após o seu rival, o romeno Marian Dragulescu, que caiu e tirou a nota de 14,850 apenas. O brasileiro foi motivado para a sua série e foi no final, no último movimento, que ele também caiu. "Eu não acredito que eu perdi, eu não acredito que eu perdi", repetiu insistentemente no banco ao lado do aparelho enquanto esperava a nota.

Com 15,200, ele ficou apenas em sexto e viu o chinês Kai Zou, que recebeu na final a nota 16,050, ficar com a medalha de ouro, seguido do espanhol Gervasio Deferr, com 15,775, e o russo Anton Golotsutskov com 15,725.

A preparação de Diego, porém, já havia tido alguns problemas. No final de março, ele se submeteu a uma artroscopia para corrigir uma lesão no joelho direito. Com previsão de volta em quatro semanas, ele se surpreendeu ao ser diagnosticado com dengue quase uma semana depois da cirurgia.

Em 2007, Diego deu ao Brasil a primeira medalha de ouro da disputa masculina da ginástica em Jogos Pan-Americanos, ao vencer a disputa de solo. Não satisfeito, voltou a subir ao ponto mais alto do pódio para receber outra medalha dourada, nos saltos. Com isso, fez o hino nacional ser executado duas vezes no mesmo dia.

Hypólito já havia conquistado a prata por equipes. E tinha a expectativa de disputar o cavalo, mas acabou classificado apenas para solo e saltos, as duas em primeiro lugar. Confirmou o favoritismo na decisão. Até então, o Brasil não tinha medalhas de ouro pan-americanas no torneio masculino de ginástica. Havia 16 anos o país não tinha um representante no alto do pódio, desde que Luísa Parente foi ouro nos saltos e nas barras assimétricas, no Pan de Havana-1991.

A consagração mesmo veio pouco tempo depois, no Mundial de Stuttgart. Ele ficou com o lugar mais alto do pódio no solo depois de uma ótima apresentação e a ausência de dois grandes rivais: o romeno Marian Dragulescu (campeão de 2006) e o canadense Kyle Shewfelt. Este último teve as duas pernas quebradas antes da disputa.

O título na Alemanha foi o segundo na carreira do ginasta de Santo André. Dois anos antes, em Melbourne (AUS), ele já havia ficado com a medalha de ouro na competição na mesma prova.

A conquista na Austrália há três anos é um motivo para que Diego tentasse se superar nos Jogos de Pequim. Naquela época, ele submeteu-se a uma cirurgia e voltou a treinar em junho, contra a vontade dos técnicos e acabou agravando a lesão. Só pôde retomar o trabalho na segunda quinzena de outubro. Mas o tempo afastado não foi suficiente para abalar o atleta, que no final de novembro, foi coroado.

O maior ginasta brasileiro relutou em entrar no esporte. Sua irmã mais velha, Daniele, também da seleção, partia para o treino diariamente e o convidava a também participar das atividades. Mas Diego não queria. "Eu tinha uns sete anos, e a Dani ficava insistindo para que eu entrasse na aula. Ela falou tantas vezes que um dia eu acabei aceitando. Mas não gostei, achei chato e saí logo uma semana depois."

A insistência da irmã, porém, surtiu efeito. Um mês depois de 'encerrar a carreira', Diego voltou para o ginásio. E deslanchou. Aos 11 anos, já treinava com uma carga de duas horas diárias, como um profissional costuma fazer. "Todos os técnicos diziam que eu tinha facilidade no solo e acabei me dedicando mais no tablado. Mas nunca imaginei que um dia iria virar um ginasta", afirma o atleta, hoje grande destaque da modalidade.

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