UOL Olimpíadas 2008 Notícias

23/08/2008 - 12h23

Grupo cobra respeito, dedica ouro à Mari e pede fim da "perseguição"

Lello Lopes
Em Pequim (China)
O ouro em Pequim teve um gosto de "cala boca" para as jogadoras da seleção brasileira de vôlei feminino. A ponta Mari, apontada como a principal culpada pela derrota para a Rússia na semifinal de Atenas-2004, foi ovacionada pelo grupo, que dedicou o primeiro lugar nas Olimpíadas à parceira.

"Grupo merecia demais isso. A Mari pediu esse presente", afirmou a Sheilla ao final do jogo, lembrando que a companheira faz aniversário neste sábado. "São quatro anos que estamos tentando responder algo que não tem resposta. As pessoas podiam saber massacrar menos. É uma geração vencedora e podia ser mais respeitada", desabafou a líbero Fabi.

A meio-de-rede Walewska, uma das jogadoras mais experientes da equipe, foi bastante incisiva contra as críticas sofridas pelo grupo nos últimos anos. "Esse momento já morreu com essa medalha. Ninguém mais pode falar dessa seleção e dessa geração. Foi a medalha mais importante que conseguimos para calar a boca de todo mundo que não acreditava na seleção", disse.

Fabi e Mari fizeram um sinal de silêncio com o dedo indicador na boca ao final da partida e mostravam que a medalha tinha um significado além do título.

"A gente passou por muita coisa nos quatro anos. Está aqui a prova do nosso trabalho. A gente não fracassa, a gente trabalha. É isso aqui [mostrando a medalha]. A gente trouxe de coração esta medalha. Para quem criticou, silêncio total agora porque a gente é campeã olímpica", desabafou Mari.

O próprio técnico Zé Roberto, que além de perder a semifinal olímpica em 2004, caiu com o time para a Rússia no Mundial de 2006, fez um trocadilho com a fama de "amarelona" da seleção. "A cor da nossa medalha é amarela, sim. Mas é amarelo de ouro", rebateu.

A levantadora e capitã Fofão deu o recado que resume o sentimento do elenco na conquista das Olimpíadas. "A gente prometeu a medalha para o grupo, não para o Brasil", afirmou a jogadora, que se despede da seleção após 17 anos.

Para a ponteira Sassá, a vitória em Pequim "tira um piano das costas" da equipe. "Durante estes quatro anos perdemos campeonatos importantes. A gente sempre batia na trave, faltava alguma coisa. Essa medalha lavou a alma da gente de uma forma única. O vôlei brasileiro merecia esse título. Hoje a gente conseguiu tirar um piano nas costas, que estava bem pesado."

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