UOL Olimpíadas 2008 Notícias

22/08/2008 - 16h11

Em carta, Maurren previu a final: "só não disse que ia ser ouro"

Bruno Doro
Em Pequim (China)
Pouco antes de começar a disputar sua primeira final olímpica, Maurren Maggi entregou aos seus dois treinadores, Nélio e Tânia Moura, uma carta. Nela, a saltadora narra todo o seu trajeto até os Jogos Olímpicos de Pequim e prevê como seria a prova que rendeu o primeiro ouro olímpico do atletismo brasileiro desde Joaquim Cruz, em 1984.

"Ela terminou com 'Amo vocês. Vejo vocês depois da prova'. Só não escreveu que seria com a medalha de ouro no peito", conta, emocionado, Nélio, que trabalha com a campeã olímpica do salto em distância desde 1992.

"Eu estava entrando na competição, deitei na maca e escrevi tudo o que eu pensava, o que sentia. Quando entrei no estádio, falei aos dois que eles poderiam ler quando quisessem. Mas sei que eles não iriam agüentar ler antes da prova. Escrevi tudo o que aconteceu na prova. Tudo. Disse que a medalha seria a conseqüência do meu trabalho e do trabalho deles", conta a atleta.

No texto, "algo que não consigo dizer com minhas palavras", Maurren fala sobre a importância de Pequim, do período em que esteve parada e de seu retorno às pistas de atletismo. "Bem, não estou atrás da medalha. Sei que ela será conseqüência do meu trabalho, do nosso trabalho e esforço. Quero fazer o meu melhor, quero estar pronta e dei duro para isso. Obrigado por tudo, por não desistirem de mim", escreveu a campeã olímpica.

Tanto afeto é justificado pelo tempo que a saltadora e os dois treinadores estão juntos. Quando tinha 16 anos, Maurren foi convidada para ser treinada por Nélio. O objetivo naquele momento, porém, estava longe dos Jogos Olímpicos. "Para ser bem sincero, eu não achava que ela seria campeã olímpica. Talvez boa o suficiente para fazer parte da seleção brasileira. As marcas dela como juvenis eram boas, mas normais", lembra o treinador.

Após iniciar o trabalho com Nélio e Tânia, porém, veio o salto de qualidade. Sua melhor marca em 1996 foi 6,47 m. O salto não valeu vaga nos Jogos Olímpicos de Atlanta-1996, mas já era sinal de que ela poderia alcançar um novo patamar no esporte. "Depois disso, passamos a acreditar que ela poderia ser top do mundo", diz Nélio.

O relacionamento de 16 anos rendeu uma homenagem ao treinador logo após o pódio: "Essa medalha é minha e dele".

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