UOL Olimpíadas 2008 Notícias

21/08/2008 - 14h54

Arma secreta falha no vento fraco, e Scheidt e Prada buscam medalha no braço

Bruno Doro
Em Qingdao (China)
Antes dos Jogos Olímpicos, Bruno Prada afirmou que ele e Robert Scheidt tinham uma arma secreta para as regatas na cidade de Qingdao, onde foi disputada a vela de Pequim. A peça inovadora, uma alavanca nos cabos de estaiamentos (que dão sustentação ao mastro) do barco da classe Star, teoricamente aumentaria a velocidade do barco em ventos fracos.

O que se viu na competição, porém, foram os brasileiros sofrendo sempre que o vento diminuía e a peça, teoricamente, seria mais importante, mas brilhando em ventos fortes, quando o artifício não seria tão determinante.

Nas dez regatas da fase de classificação, por exemplo, o vento não passou dos dez nós seis vezes. Em cinco, os brasileiros ficaram fora dos cinco primeiros, incluindo um nono, dois décimos e um 11º lugares. Nas outras quatro, com ventos mais fortes, estiveram sempre entre os três primeiros.

"Essa peça libera mais o mastro, deixa a vela mais redonda e potente, no vento de empopada (quando o barco anda a favor do vento). Nos testes, ela sempre se mostrou eficiente e acho que ajudou um pouco. Mas é claro que a parte psicológica também conta. Velejador valoriza muito isso", admite o técnico da dupla, Walter Böddener, o mesmo que trabalhou com Torben Grael e Marcelo Ferreira no título de Atenas-2004.

Bruno Prada, porém, se mostrou muito contente com a invenção brasileira. "Essas alavancas aliviam a pressão dos arames e ajudaram muito a recuperar no vento a favor. Com certeza foi uma arma que ajudou bastante", comemorou o brasileiro.

O uso da peça surgiu durante os treinamentos para vento fraco. "Foi desenvolvido na prática. A gente sentiu a necessidade de ter uma alavanca como essa, para aliviar a pressão do mastro. E acabou desenvolvendo essa peça. Na verdade, é uma peça padrão para outra coisa, que não era usada para esse fim. Acho que funcionou bastante bem", completou o proeiro.

A eficácia da peça pode não ter ficado evidente, mas para Scheidt, o caminho para o sucesso na classe Star é justamente buscar diferenciais como esse. "O Star tem muitas tolerâncias. No tamanho e formato da quilha, no desenho do casco. Os ingleses (Iain Percy e Andrew Simpson) vieram com um barco otimizado para o vento fraco. Acho que, com essa medalha, vamos poder trabalhar com mais tempo para ter um barco bem consistente para condição que vamos enfrentar no futuro. Hoje, temos um barco bom, mas é padronizado e não tem qualquer vantagem sobre qualquer outro. Para o próximo ciclo olímpico, queremos construir um com inovações que nós sentirmos necessárias", explicou o bicampeão olímpico.

A construção de "barcos inovadores" é uma tradição na classe Star brasileira. Para Atenas-2004, por exemplo, Torben Grael e Marcelo Ferreira chegaram aos Jogos com uma quilha inovadora. Com barco mais rápido do que os rivais, a dupla foi campeã olímpica sem muito esforço nas água gregas.

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