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11/08/2008 - 16h38

Médico diz que Guilheiro deve repensar preparação em novo ciclo olímpico

Bruno Doro
Em Pequim (China)
Lesões, operações, fisioterapia e judô. A combinação não deu certo para Leandro Guilheiro por quatro anos. Mesmo assim, ele volta das Olimpíadas de Pequim com sua segunda medalha de bronze na categoria leve. Para seguir no mesmo ritmo, porém, o brasileiro deverá repensar sua preparação.

O conselho é de Wagner Castropil, ex-judoca e médico da seleção. "Ele vem superando várias lesões, já tem quatro cirurgias (púbis, punho, ombro e quadril) e superou tudo. Mas isso traz um desgaste físico e psicológico muito grande. Então, se ele pensa em realmente competir em um novo ciclo olímpico, ele precisa dar um foco grande não na parte física, não na parte técnica, em que está muito bem, mas na área de prevenção de lesões".

O corpo de Guilheiro, aliás, parece frágil demais para as cargas que suporta. Em sua campanha em Pequim, por exemplo, ele sofreu uma lesão no ombro esquerdo e, ao sair do ginásio da Universidade de Ciência e Tecnologia em que lutou, não conseguia nem mesmo levantar o braço para tirar uma foto com fãs.

"Espero que não seja uma lesão grave. Já tenho as costas para arrumar", resumiu o judoca. Foi esse problema, inclusive, que prejudicou sua participação no Pan-Americano e no Mundial do ano passado. "Venho fazendo um trabalho de fisioterapia a curto prazo, só para as Olimpíadas. Agora, acho que vou ter que parar um pouquinho".

Nova cirurgia? Castropil acha cedo para falar na possibilidade. "Ele acompanha uma hérnia de disco há algum tempo. Tratamos até vir para cá e vamos fazer uma revisão disso no Brasil. Na verdade, ele vai ficar no estaleiro um período, para repensar seu próximo passo", explicou o médico.

Enquanto isso, Guilheiro já começa a se cercar de profissionais para tentar evoluir fisicamente. Em seu período de recuperação, ele trabalhou com o fisioterapeuta Nilton Petroni, o Filé, que cuidou, por exemplo, da recuperação de Ronaldo para a Copa do Mundo de 2002, em que o atacante terminou como artilheiro.

"A dedicação dele foi incrível. Em domingos em que o Santos (onde Filé trabalhava. Hoje trocou de clube) estava viajando e não tinha ninguém no centro de treinamento, ele aparecia para trabalhar comigo".

Além disso, ele passou a fazer trabalho de fortalecimento físico com o preparador Émerson Franchini. "Antes, eu era considerado um judoca técnico, mas sem força para aplicar essa técnica. Hoje, joguei muito mais gente do que em Atenas".

Pelo histórico de lesões, o bronze chinês tem um gosto bem diferente do grego. "Quando eu olhar para essa medalha, vou lembrar de toda a dor que senti para chegar aqui".

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