Os últimos dois anos de João Derly e Thiago Camilo foram parecidos. Títulos mundiais, ouros pan-americanos e treinos lado a lado, diariamente. Trocando figurinhas cada vez que entravam no tatame, os dois chegam às Olimpíadas de Pequim disputando o posto de melhor da história do judô brasileiro.
Até hoje, o país nunca teve campeões mundiais e olímpicos. Aurélio Miguel e Rogério Sampaio foram os únicos brasileiros a voltar dos Jogos com o ouro e nenhum deles conseguiu vencer um mundial. Derly, aliás, foi o primeiro brasileiro a alcançar a façanha, em 2005.
Neste domingo, o gaúcho é justamente o primeiro a ter sua chance histórica. Bicampeão do mundo, ele estréia contra o sul-coreano Joo-Jin Kim na categoria até 66 kg. "Eu não ligo para quem eu vou enfrentar. Quem quer ser campeão precisa vencer cinco lutas sem escolher adversários".
Kiko Pereira, técnico da Sogipa, onde treinam Derly e Camilo, não poderia estar mais feliz com a evolução dos dois. Segundo ele, a convivência diária dos campeões mundiais foi benéfica para ambos.
"A cada treino, um puxa o outro. Depois que os dois passaram a treinar juntos, o Thiago pegou algumas coisas do João, de como usar o físico na luta, e o João pegou do Thiago a importância da técnica. É uma relação muito produtiva", diz o gaúcho, que trabalha com Derly desde a infância e com Thiago há três anos.
A chance de Camilo escrever seu nome na história vai demorar um pouco mais. Ele luta apenas no quarto dia de competição, na terça-feira.