Quem se entusiasma hoje em dia com a seleção feminina de futebol do Brasil pensa imediatamente em Marta como a principal referência do time, e talvez logo em seguida na goleadora Cristiane. Mas, para as meninas de frente terem liberdade de criação, alguém precisa fazer o 'jogo bruto' dentro de campo. Atualmente essa função pertence em especial a meio-campo Daniela Alves, peça fundamental da equipe do técnico Jorge Barcellos.
Certas vezes os entendidos do futebol que gostam de filosofar costumam comparar um time a uma orquestra, citando maestro, solista e músicos comuns para ilustrar a diversidade e importância de determinadas funções. Daniela Alves prefere a analogia com uma obra para passar a mesma idéia sobre seu papel na seleção feminina.
"Na construção, sempre tem o engenheiro, o mestre de obras e o ajudante de pedreiro. Todos têm uma função numa equipe. É a mesma coisa aqui", compara a meio-campo.
Apesar de números de uma condição física média, com 1,71 m e 66 kg, Daniela Alves aparenta vigor mais destacado do que a maioria do time. Segundo a jogadora de 24 anos, é essa característica que a credencia para o trabalho pesado no meio-campo.
"Às vezes tenho que fazer esse jogo mais físico, ir para o contato, para que a Marta e a Cristiane, que são as nossas jogadoras mais técnicas, possam jogar com mais liberdade", diz Daniela Alves.
"Eu tenho essa facilidade de usar o físico. Sempre tive o corpo mais forte do que a maioria das outras", completa a camisa 7.
Assim como as duas atacantes da seleção, Daniela Alves atua no futebol da Suécia, no Linkopings, onde tem a companhia e o entrosamento com Cristiane.
Na partida de estréia da seleção nos Jogos Olímpicos, no empate sem gols com a Alemanha, o Brasil teve desempenhos distintos nos dois tempos do jogo. Na etapa inicial, foi dominado taticamente. Depois, nos 45 minutos finais, passou a ditar o ritmo.
Segundo o técnico Jorge Barcellos, a mudança de quadro se deveu em grande parte à versatilidade de Daniela Alves.
"No primeiro tempo elas foram bem melhores, anularam nossas jogadas nas laterais. Mas depois coloquei a Daniela mais à frente para passarmos a ter três atacantes. Ela tem essa facilidade. Isso dificultou a saída de bola das zagueiras delas, que estavam indo quase no nosso meio-campo", descreveu o treinador.