UOL Olimpíadas 2008 Notícias

05/08/2008 - 23h47

Reserva pede à CBJ para ir a Pequim, mas recebe veto por telefone

Rodrigo Farah*
Em São Paulo
A judoca Andressa Fernandes abandonou as esperanças de disputar as Olimpíadas de Pequim. Após passar toda a terça-feira tentando contatar os dirigentes da Confederação Brasileira de Judô (CBJ) na China, a reserva da meio-leve Érika Miranda recebeu por telefone a negativa do coordenador da seleção brasileira, Ney Wilson, que vetou sua participação nos Jogos devido à proximidade da competição.

Fotocom/Divulgação
Érika foi a Pequim com lesão mais grave que o pensado pela comissão brasileira
Washington Alves/Light Press
Andressa Fernandes ainda esperava ir, mas foi vetada por falta de tempo pela CBJ
JUDOCA ÉRIKA MIRANDA É CORTADA
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CONFIRA A DELEGAÇÃO BRASILEIRA
Bastante chateada pelo fato de não ter sido chamada para integrar a seleção, Andressa revelou que seu treinador, o campeão olímpico Rogério Sampaio, tentou em vão contatar Ney Wilson por meio do celular do dirigente em Pequim ao longo do dia. A judoca confirma que logo em sua primeira tentativa, por volta das 22h (horário de Brasília), o dirigente a atendeu para dar a notícia.

"O Rogério ligou para ele [Ney Wilson] o dia inteiro e não conseguiu nada. Logo depois de sair do treino, tentei uma vez e consegui. Ele disse que fizeram o exame lá na China e constataram que não haveria tempo de ela se recuperar. Depois disso, o Ney me falou que não poderia ir para lá mesmo, por falta de tempo", disse a meio-leve em entrevista ao UOL Esporte.

Andressa Fernandes também revelou que logo em seguida Rogério Sampaio voltou a ligar para Ney Wilson, que não teria atendido o telefone. "Não entendo por que não há tempo. Poderia estar lá em um dia e teria mais três para descansar antes da luta. No judô, estamos acostumados a viajar longas distâncias e mesmo assim ir direto para o tatame. Qualquer um se superaria para realizar um sonho. Não entendo a decisão", esbravejou a atleta.

Ainda nesta noite, Rogério Sampaio divulgou uma carta em que critica a postura da Confederação Brasileira de Judô, principalmente pelo fato de a equipe reserva não ter viajado junto com a seleção principal. O medalhista de ouro nas Olimpíadas de Barcelona-92 também destaca que sua aluna chegaria a Pequim com ótimas condições de defender o país.

"Contundida, Érika chora a oportunidade perdida. Já Andressa lamenta a chance que lhe foi negada e o Brasil inteiro perde diante de uma questão tão simples quanto a substituição de atletas numa competição esportiva", comentou Sampaio.

O corte de Érika Miranda foi anunciado na manhã desta terça-feira ao ser constatada a lesão no joelho direito após uma ressonância mangnética pedida pelos médicos da CBJ e do COB em Pequim. Na verdade, ela já estava com dores no local antes de embarcar para os treinamentos no Japão no fim de julho.

Ney Wilson garante que a lesão relatada aos médicos da CBJ pelo Minas Tênis Clube era menos grave e, portanto, haveria tempo de sobra para recuperá-la antes das Olimpíadas.

"A Érika se lesionou na véspera de embarcar para o Japão. A informação do médico do Minas Tênis era que a lesão era no ligamento colateral medial. Se fosse isso mesmo, ela teria muito tempo para se recuperar. Mas vimos no exame que ela também lesionou o cruzado anterior e, por isso, não pode lutar", disse o dirigente à Sportv.

Quando perguntado sobre as declarações de Andressa Fernandes, Ney Wilson confirmou que a ida da reserva para Pequim foi vetada "por conta do prazo". Caso substituísse Érika nos Jogos Olímpicos, a meio-leve entraria no tatame no próximo domingo.

Atualizado à 01h03

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