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04/08/2008 - 08h30

Brasil supera trauma de tampinha e se iguala ao biótipo da natação mundial

Bruno Doro
Em Macau (China)
Há quem diga que o Brasil não é terra de gente alta. Quem olha para a seleção brasileira de natação, porém, não tem como concordar com a afirmação. Com vários gigantes de mais de 1,90 m, os brasileiros estão no mesmo nível, pelo menos verticalmente, dos principais atletas da modalidade no planeta.

Sergio Moraes/Reuters
Thiago Pereira é um dos brasileiros que venceu a tradição do país de "tampinhas"
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Nada mal para o país que já teve Ricardo Prado, medalhista olímpico com 1,68 m de altura. "A natação brasileira já deixou a época em que todos os nadadores não passavam de 1,80. Hoje, nossos velocistas têm mais de 1,90. Claro que ninguém tem a envergadura do Michael Gross, que de braços abertos tinha 2,06 m, mas têm as características que os principais velocistas hoje apresentam", diz Rômulo Noronha, chefe da delegação de natação brasileira que deixou nesta segunda-feira Macau.

Muito mais do que o tamanho, porém, outras características biológicas se destacam no time. Thiago Pereira, por exemplo, é praticamente uma garça fora da água, com o quadril projetado para a frente, os joelhos dobrados para trás, em uma curva improvável para quem não pratica esportes.

Segundo seu treinador, Fernando Vanzella, essa flexibilidade faz do corpo do nadador um instrumento perfeito para os quatro estilos do medley. "O pé do Thiago tem uma mobilidade muito grande no tornozelo. O joelho também tem um ângulo de flexão maior. Essas características permitem que ele tenha pernada forte nos quatro estilos", explica o treinador.

As outras duas esperanças da natação brasileira em Pequim, César Cielo e Kaio Márcio, são outros que se encaixam no biótipo ideal para suas provas. César, de 1,95 m, é alto e magro, como um bom velocista. E Kaio, apesar de mais baixo (1,75 m), tem o tórax mais redondo, como o dos bons nadadores de borboleta.

Alguns casos, porém, acabam indo contra essas regras. "Acho que o biótipo ajuda, mas não é determinante. Veja o Rodriguinho, por exemplo. Ele é um dos melhores velocistas do país, mesmo não tendo braços tão compridos quanto os dos outros velocistas", justifica Thiago Pereira. Castro, de 1,84 m, inclusive, é o único do time convocado para o 4x100 m livre que tem menos de 1,90 m.

Entre as mulheres, o caso é um pouco diferente. Se os homens têm média de altura de 1,89 m, o time feminino tem 1,71. Segundo Flávia Delaroli, uma das mais famosas da equipe, o problema é a falta de incentivo para as mulheres no esporte. "O funil da natação é muito estreito e o da natação feminina, ainda menor", explica.

Mesmo assim, o time ainda tem exemplos de corpos adequados para suas provas. "A Fabíola Molina tem o corpo perfeito para o nado de costas. É alta e, falando em tom de brincadeira, faz menos sombra do que outros atletas", diz Noronha.

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