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04/08/2008 - 08h32

Flávia Delaroli diz que natação feminina precisa de ídolos, não de força

Bruno Doro
Em Macau (China)
Fora da água, a mineira Flávia Delaroli não se parece com o estereótipo da nadadora de velocidade gigante e cheia de músculos. Delicada e "pequena", porém, ela vai defender em Pequim o oitavo lugar nos 50 metros das Olimpíadas de Atenas. Apesar de seu sucesso individual, ela admite que o Brasil está longe da elite da natação feminina mundial.

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Perguntada se a falta de músculos seria a raiz do problema, a nadadora dá outra explicação: "Músculo por si só não faz um nadador. Se fosse assim, colocaríamos um halterofilista na piscina e ele sairia nadando. O que a natação feminina brasileira precisa é de um ídolo para incentivar as meninas a nadar", explica a atleta.

Segundo ela, o Brasil sofre com o problema de acesso ao esporte. "Os maiores talentos não nascem de acordo com o nível social. Estamos perdendo muita coisa por aí. Chegar ao topo do esporte, só quando o Brasil inteiro tiver a oportunidade de cair numa piscina e testar se tem aquele dom a mais. Só com a massificação é que você descobre talentos excepcionais como Michael Phelps, por exemplo", analisa a velocista.

Ela própria, inclusive, é exemplo disso. Quando ainda estudava, ela enfrentava o preconceito contra o esporte. "Eu tive muitos professores que me perguntavam se eu queria estudar ou nadar. Para mulheres, é muito mais difícil, porque não temos ídolos femininos. Quem está aqui (no time olímpico) hoje, está porque se inspirou nos meninos. Para aumentar o nível da natação, precisamos de mulheres em quem as meninas posam se espelhar".

Velocidade, mas só na água

Sem o biótipo óbvio da velocista, Flávia Delaroli é exemplo de talento que, sem a iniciação no esporte, passaria despercebido. "Fora água, ninguém diz que sou velocista. Sou meio lerdinha. Mas isso me ajuda a me concentrar mais. E os 50 m, uma prova de precisão, estar sempre focada e concentrada só ajuda", diz.

Ela teve teve de entrar na água para descobrir características muito particulares que a fazem uma boa nadadora. "Desde pequena, quando fazia os 100m, minha volta era sempre muito pior do que a ida. Mesmo trabalhado de diversas maneiras, nunca melhorei a ponto de igualar os dois. Além disso, a minha freqüência de braçadas é muito alta e, sempre que treino muito, não perco a velocidade, ao contrário do que acontece com muita gente", conta.

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