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01/08/2008 - 07h03

Seleção vai a Pequim com Mari e Thaísa em grande fase

Paula Almeida
Em São Paulo
A seleção brasileira feminina de vôlei que disputará os Jogos de Pequim se destaca mais pela coletividade do que por talentos individuais, embora a importância de jogadoras como a levantadora Fofão e a líbero Fabi seja incontestável. Porém, a equipe chega para as Olimpíadas com duas atletas em clara evolução: Mari e Thaísa. A ponteira, que ainda briga por uma vaga de titular com Paula Pequeno e Jaqueline, e a meio-de-rede, reserva de Walewska e Fabiana, foram os grandes nomes do Brasil na fase final do Grand Prix, em que o time verde-amarelo conquistou o hepta.

FIVB/Divulgação
Mari morde a medalha do hepta e mostra a placa de melhor jogadora do Grand Prix
CAROL ALBUQUERQUE DÁ ADEUS
PERFIL DA PONTEIRA DA SELEÇÃO
RELEMBRE OS JOGOS DE ATENAS-04
PÁGINA DE PEQUIM-08 NO UOL
Mari foi a segunda melhor atacante da fase final (53,39% de aproveitamento), a quinta maior pontuadora (75 acertos), destacou-se no bloqueio, fato raro para uma ponteira, e garantiu nada menos do que o título de melhor jogadora da competição. Sempre séria e introvertida, a atacante é comedida nas palavras até quando questionada sobre o prêmio de MVP do Grand Prix. "Foi o reconhecimento do meu trabalho. E as meninas me ajudaram muito também", resume Mari.

Seu caminho na seleção, porém, foi tortuoso. Em Atenas-2004, atuando como oposta, ela era a caçula do time, mas chegou como titular e maior revelação do vôlei nacional. Acabou sendo taxada como uma das culpadas pelo fiasco na semifinal e na disputa pelo bronze, contra Rússia e Cuba.

Sobre aquele episódio, Mari recusa-se a falar em trauma. "Em 2004 não teve trauma nenhum. Foi uma coisa de jogo, que pode acontecer com qualquer time, e já passou", garante a ponteira que, no ano passado, também teve problemas e não se firmou no time, ficando fora das finais do Grand Prix e de toda a Copa do Mundo.

Para Zé Roberto, a mudança de posição pela qual Mari passou, migrando da saída para a entrada de rede, foi fundamental para seu crescimento como atleta. Segundo o técnico, a função de ser uma das passadoras de um time exige mais concentração de uma ponteira. "Você tem que dar o passe para outra jogadora e só depois você vai se preparar para atacar. A transição é lenta. E a Mari conseguiu melhorar", analisa o treinador. "Ela é a mais focada nos treinos, sempre pede para fazer trabalho extra".

A atacante, que trabalha na nova função há cerca de dois anos, concorda com Zé Roberto. "Eu tive que aprender a passar e bloquear na ponta, que é muito mais difícil. Isso precisa de muito mais concentração. Melhorei, e agora posso jogar em qualquer posição".

FIVB/Divulgação
Thaísa com prêmio de melhor bloqueadora do 3º final de semana do GP em Macau
PERFIL DA CENTRAL DA SELEÇÃO
RELEMBRE O GRAND PRIX 2008
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Thaísa, por sua vez, não teve que mudar de posição para evoluir. Ao contrário. Ninguém pensará em tirar do meio-de-rede a jogadora mais alta em atividade no vôlei brasileiro (1,96 m).

A central começou o Grand Prix no banco de reservas, de maneira discreta, mas aproveitou o rodízio implementado por Zé Roberto para concluir o campeonato como titular, sendo a vice-líder da fase final no ranking de bloqueios (média de 0,88 acerto por set), atrás apenas da companheira Walewska.

O grande desempenho na competição anual lhe rendeu vaga no grupo olímpico, deixando de fora a experiente Carol Gattaz. O fato surpreendeu Thaísa. "Por ser muito nova, eu achei que não ficaria no time, porque ainda tenho muito o que melhorar, e a Carol bloqueia muito bem", admite. "Mas quando eu recebi a notícia, nossa, foi uma emoção muito grande".

Exigente, a central não se restringe a comemorar a convocação. Ela quer aproveitar seu momento com a seleção para continuar em evolução. "Eu ainda tenho que melhorar em muita coisa se quiser continuar trilhando um caminho na seleção. Tenho que correr muito ainda para ser a terceira meio-de-rede. O que eu fiz no Grand Prix foi bom, mas ainda não foi o suficiente", avalia.

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