UOL Olimpíadas 2008 Notícias

31/07/2008 - 07h05

"Família Lenílson" tenta manter a tradição do revezamento 4x100 m

Maurício Dehò
Em Guarulhos (SP)
Desde as Olimpíadas de 1996, em Atlanta, o Brasil construiu uma boa tradição no revezamento 4x100m masculino. Bronze em Atlanta, prata em Sydney-2000 e ouro no Pan-Americano do Rio de Janeiro, o Brasil conta com um time quase todo renovado para tentar seguir com os bons resultados. Vindo da "Geração Robson Caetano", de 1996, e da "Geração Claudinei Quirino", de 2000, Vicente Lenílson chefia ao lado do técnico Jayme Netto a nova família do revezamento.

Lalo de Almeida/FI
Lenílson (abaixo) comemora a medalha de ouro do revezamento no Pan-Americano
TROCA DO BASTÃO SERÁ A ARMA
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MAURREN EM SUA MELHOR FASE
Aos 31 anos, o potiguar chega à sua terceira Olimpíada de modo bem diferente da primeira, quando tinha 23. Naquela época, correu ao lado de grandes nomes como André Domingos e Claudinei Quirino. Desta vez, o plantel é mais modesto, dividindo as raias com os jovens Rafael Ribeiro (22 anos), Bruno Tenório (21 anos) e o mais velho Sandro Viana (31 anos), outro estreante nos Jogos.

Segundo Rafael, Lenílson virou o "vovô" do grupo, mas o velocista não foge da responsabilidade e do papel de líder, atingido após 12 anos na equipe. "Eu passei por duas gerações e agora é hora da minha, por eu ser o mais velho. Eu sinto que eles me escutam, respeitam e percebem que eu tenho uma experiência maior para passar, até em Olimpíada", afirmou Lenílson, que sustentou com o time a quarta melhor marca do mundo, com 37s99.

Segundo ele, uma vantagem é que Rafael e Sandro estiveram no ouro do Pan e, portanto, já tem alguma maturidade. "No Rio tive uma responsabilidade muito maior, eles nunca tinham competido num estádio tão cheio. Desta vez estará dividido e será mais tranqüilo. O Brasil nunca teve atletas tão bem treinados", afirmou Lenílson, que espera fazer sua despedida das pistas após os Jogos de Londres, daqui a quatro anos.

"Ele sempre passa esta experiência. O Jayme coordena fora da pista e o Vicente faz isso dentro, passando uma tranqüilidade grande para nós", explicou Rafael Ribeiro, ouro no Pan.

Como uma boa família, as brigas fazem parte do dia a dia de convivência. "A gente discute aqui, conversa ali, até que está tudo bem. O grupo está fechado", completa o paulista.

Quem tem de segurar a onda dos velocistas é o técnico Jayme Netto, desde 1995 no posto e responsável pela técnica de passagem de bastão que tanto faz diferença para o revezamento brasileiro "Eles são tão explosivos quanto a prova que disputam. Estes quatro competem por qualquer coisa, tem sempre um que se pega com outro", comenta o técnico. "Mas é só esperar o momento certo para conversar com eles. É como uma família mesmo, convivemos muito juntos e todos estão em um momento de paz agora, querendo só treinar e competir".

Obstáculos
Os maiores rivais dos brasileiros serão os americanos e jamaicanos, sendo que os últimos têm os dois últimos recordistas mundiais dos 100 m rasos. Mesmo assim, o Brasil quer contar com sua tradição para ter o respeito dos adversários.

Segundo Vicente Lenílson, Asafa Powell, que deteve o recorde dos 100 m antes do compatriota Usain Bolt lhe tomar a marca, está de olho nos brasileiros. Durante uma competição na Europa, ele teria se surpreendido com um resultado ruim dos brasileiros. "No Meeting de Estocolmo, ele venceu e disse 'Vicente o que está acontecendo com vocês?'. A gente estava apenas cansado, mas isso mostra que não só a Jamaica mas os Estados Unidos também sabem que podemos ser medalhistas", afirmou o velocista.

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