UOL Olimpíadas 2008 Notícias

16/07/2008 - 07h54

Diego Hypólito se fecha em mundo paralelo "para ser campeão olímpico"

Paula Almeida
No Rio de Janeiro
Falar com Diego Hypólito por celular virou missão praticamente impossível até para o assessor do ginasta nos últimos meses. Totalmente focado nos Jogos de Pequim, o atleta optou por criar um mundo paralelo, só seu, para afastar-se de qualquer intervenção que lhe tirasse a atenção e atrapalhasse sua preparação. Tudo pelo ouro olímpico.

Bastante ligado à família, Diego Hypólito terá uma torcida especial em Pequim. Isso porque sua irmã, Daniele, também irá à competição na China, pela equipe feminina de ginástica. Na semana passada, em entrevista ao UOL Esporte, a atleta veterana revelou que, além de disputar a competição, iria a Pequim torcer pelo irmão, que, segundo ela, "vai dar show" nos Jogos.

"Vai ser muito positivo ter um familiar por perto, para poder abraçar. Eu gosto de estar perto da Dani. Ela faz parte da minha família e é minha melhor amiga, a gente se ajuda muito", diz o ginasta.

E o suporte familiar pode crescer. Vai depender da presença de D. Geni, mãe da dupla. Sozinha, ela avisa que não irá se o marido e o filho mais velho não a acompanharem, já que não quer passar a mesma angústia vivida em Atenas, há quatro anos: estar em uma cidade totalmente desconhecida.

Mas, de longe ou de perto, a torcida da matriarca dos Hypólito será forte. "A gente fica aflita quando vai chegando a hora. Mas ver os dois juntos na Olimpíada é uma felicidade muito grande, não tem nada que pague. É inexplicável".
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"Minha cabeça está muito tranqüila, eu estou muito focado, estou vivendo numa bolha. Pode parecer egoísta da minha parte, mas as coisas que me atrapalham, eu descarto. Tento pensar nas coisas positivas, na minha família. Não sou egoísta, sou justo comigo mesmo", diz o bicampeão mundial do solo. "Não atendo telefone, ninguém consegue falar comigo, tenho ficado mais sozinho, no meu quarto. Estou nesse mundo, mas é como se eu estivesse em outro lugar".

Tanta concentração está canalizada em prol de uma inédita medalha brasileira na ginástica artística. "Estou me preparando para ser campeão olímpico, com atitudes e treinamento", crava Diego, sem nenhum pudor. "Se não der certo agora, vai dar na próxima Olimpíada. Quero ir a pelo menos mais três, só vai depender do meu corpo.

O comportamento recluso iniciado no Brasil será mantido na China, garante o ginasta em tom quase obsessivo. "A Vila vai ser como a minha casa. Não quero saber se tem discoteca, salão de jogos. O importante pra mim é a Olimpíada, vou fazer tudo que eu puder para ganhar uma medalha, seja ela de ouro, prata ou bronze".

Para não ser abalado por qualquer interferência extra, Diego já sabe até o que não levar em sua bagagem: filmes do gênero drama. "Ainda não comprei filmes pra levar, mas já sei que não será nada de drama, porque não posso estar emotivo na Olimpíada, tenho que ter um controle emocional muito bom", diz o paulista, em discurso maduro e consciente.

Além do computador e do ipod, objetos básicos na mala de Diego em competições no exterior, outros dois itens já estão na lista do atleta. "Vou levar meu anel de São Jorge e 35 rolos de esparadrapo. Aqui eu uso praticamente um por treino".

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