UOL Olimpíadas 2008 Notícias

12/06/2008 - 20h30

Na era Moncho, Brasil terá duas seleções de basquete

Fernando Narazaki
No Rio de Janeiro
Prática comum na Argentina desde o início do século, a formação de duas seleções é a herança que o técnico Moncho Monsalve pretende deixar para o basquete brasileiro após os pouco mais de 60 dias de trabalho à frente da seleção masculina.

A divisão já foi iniciada há duas semanas, quando Paulo Sampaio passou a dirigir um time "B" para o Sul-Americano. Na escalação estão jovens que atuam na Europa ou nos EUA, e mais atletas que ganharam destaque no Brasil. Já o espanhol se concentra com a equipe principal para o Pré-Olímpico.

E o trabalho conjunto já deu os seus primeiros resultados com a convocação do ala Jonathan Tavernari, do ala/pivô Ricardo Probst e do ala/armador Duda Machado para as vagas deixadas pelos pivôs Anderson Varejão, Nenê e Paulão, pelo ala Guilherme Giovannoni e pelo armador Valtinho, que pediram dispensa da equipe que vai ao Pré-Olímpico.

Para Moncho, o Brasil não tem de ter vergonha de repetir o que a Argentina fez e mostrou muito êxito com o vice mundial em 2002 e o ouro olímpico nos Jogos de Atenas-2004. "Eles são um exemplo de um grande trabalho. Após esses dias aqui, eu percebi que o Brasil pode muito bem fazer duas seleções, e tem de fazer isso", disse.

Desde o início do século, seja com Ruben Magnano ou Sergio Hernandez no comando, a Argentina optou por preservar suas estrelas apenas para os Mundiais, as Olimpíadas ou os principais torneios classificatórios para estes torneios. Em eventos como Jogos Pan-Americanos, Copa América ou Sul-Americano, o país leva quem estiver a disposição naquele momento.

No ano passado, por exemplo, o país enviou uma mescla entre seu terceiro e quarto time para o Pan do Rio. Até o Pré-Olímpico das Américas, realizado em Las Vegas, teve uma formação alternativa, sendo Luis Scola o maior nome da delegação e, mesmo assim, o país superou o Brasil nas semifinais, ficando com uma das vagas do continente.

"A Argentina hoje é um time muito respeitado por isso. Em muitas outras nações, há também duas seleções. Após observar o time do Sul-Americano, notei grandes valores aqui, por isso não vejo razão para não termos duas seleções", mencionou. Sem poupar elogios, Moncho destaca principalmente um jovem ainda desconhecido para até parte dos atletas que integram a seleção.

"O Jonathan é um grande valor. Sei disso porque conheço quem trabalha com ele em BYU (universidade que o ala defende nos EUA) e sei que tem tudo para ser um grande jogador em breve. Pode ser na NBA ou na Europa. Ele tem muito valor. Além dele, eu fiquei muito surpreso com (Lucas) Cipolini, Fúlvio, (Guilherme) Teichmann, Hatila Passos, Diego e Dedé. Todos têm muito talento", analisou Moncho.

Apesar de ter pensando em deixar a seleção, foram os talentos vistos no país que mantiveram seu ânimo. "Tenho agora um bom panorama do basquete brasileiro e o quadro que vi é muito melhor do que esperava", explicou o técnico, que vê mais de 30 atletas com potencial de defender a seleção.

"Não se surpreenda se Marcus ou Jonathan forem protagonistas no Pré-Olímpico. São dois atletas versáteis e grandes talentos, mas precisam de instrução", assegurou Moncho, que vai justamente na contramão do estilo adotado por Lula Ferreira, que levou boa parte do elenco para o Pan e o Pré-Olímpico das Américas do ano passado.

Compartilhe: