UOL Olimpíadas 2008 Notícias

12/06/2008 - 14h35

Seleção de basquete se põe como azarã e aposta no coletivo

Fernando Narazaki
No Rio de Janeiro
Um grupo de operários sem uma estrela. Assim a Espanha, mesmo com Pau Gasol contundido, levou o título mundial. E é esta fórmula que o Brasil quer levar para obter a sonhada vaga olímpica no basquete masculina após um jejum de duas edições dos Jogos.

Com o pedido de dispensa de cinco jogadores (Nenê, Anderson Varejão, Guilherme Giovannoni, Valtinho e Paulão), o grupo perdeu duas de suas maiores estrelas e procurou ao máximo esquecer as ausências, enfatizando os 12 atletas que ficarão para disputar o Pré-Olímpico.

"Não podemos mais lamentar, temos o nosso time aqui e esperamos que o Leandrinho volte. Não adianta ficar chorando por um ou outro, os que estão aqui têm capacidade e o time, se jogar de forma coletiva, tem como superar", definiu o pivô Murilo, um dos remanescentes do grupo que fracassou no Pré-Olímpico das Américas no ano passado.

Por conta das baixas, a seleção acredita que pode alcançar a vaga olímpica, já que acredita ser colocada como uma zebra pelos especialistas. "Vocês da imprensa cobram muita da gente. Agora acho que não vão acreditar tanto, vão deixar a gente fora do páreo e isso tirou muito do nosso peso. Não temos mais esta responsabilidade", explicou o pivô Tiago Splitter.

Os jogadores admitem que o individualismo foi a razão para o fiasco brasileiro no Pré-Olímpico das Américas, no qual o país foi superado por EUA e pela Argentina, que não contava com suas principais estrelas. "Lá a gente tentou usar muito a individualidade e esquecemos do coletivo. Este foi o pecado maior de Las Vegas. Cada um quis buscar os seus números. Agora temos de saber mesclar o talento individual com a força do conjunto", definiu o ala/armador Alex.

Os jogadores foram unânimes em negar qualquer outro problema extra-quadra, recusando a tese de um racha no grupo, que teria forçado a queda do técnico Lula Ferreira. "Isso nunca aconteceu. Qualquer ambiente de trabalho tem os seus problemas, as suas discussões. No Flamengo mesmo teve muita discussão e a gente ganhou o título. Em nenhum momento, porém, isso extrapolou o limite da quadra", lembrou o armador Marcelinho.

"Nunca aconteceu de ter egoísmo. No grupo, não tinha essa de um querendo f... o outro. Isso nunca rolou", destacou o ala/armador Alex, que chegou a levantar o tom de voz para responder essa questão. Alex, aliás, foi nomeado um dos capitães do Brasil no Pré-Olímpico ao lado de Marcelinho.

Além dos dois "líderes", o técnico Moncho Monsalve também pretende acabar com a instituição "time titular e reserva" tão popular na cultura brasileira. "Aqui temos 12 jogadores, não me perguntem sobre time titular, isso não existe. Para mim, não importa quem comece, até posso revezar os jogadores neste aspecto. O importante é como eles acabarão na partida", anunciou.

Para Alex, a seleção não deve encontrar problemas para se adaptar a estas medidas em nome do jogo coletivo. "A gente tem de dar uma força ao companheiro, mostrar que quer ajudar. Hoje eu vi um grupo animado, todos querem isso e acho que não teremos problemas", afirmou.

Uma prova de que o grupo está, pelo menos, oficialmente buscando esta nova filosofia é o incômodo mostrado por Murilo, quando foi questionado se havia recebido contato de Moncho antes da apresentação, um dos pontos reclamados por Leandrinho na polêmica em que teve com o técnico há duas semanas. "Vamos esquecer essas bobeiras, o que isso influi? Tem gente que fica falando demais, a gente vai mostrar que tem um grupo e provar o que pode", assegurou.

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