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12/06/2008 - 13h27

Técnico Moncho revela que cogitou deixar seleção brasileira

Fernando Narazaki
No Rio de Janeiro
Um dia após elogiar o grupo de 12 jogadores que tem nas mãos e chamá-lo de "incrível", o técnico da seleção brasileira masculina de basquete, Moncho Monsalve, revelou nesta quinta-feira que pensou em deixar o comando da equipe.

A razão foi o anúncio da dispensa de cinco jogadores que iriam ao Pré-Olímpico de Atenas, que será realizado entre 14 e 20 de julho. Nas últimas duas semanas, os pivôs Anderson Varejão, Nenê e Paulão, o ala Guilherme Giovannoni e o armador Valtinho pediram para deixar a equipe por diferentes motivos.

"Pensei em voltar para casa, mas seria uma grande falta de respeito ao país, aos dirigentes e aos jogadores que aqui estão. Então pensei melhor e notei que tem como recuperar. Nós montamos um novo time e são com esses 12 jogadores que vamos", explicou após o treino desta manhã no ginásio do Maracanãzinho.

O espanhol afirmou ter ficado arrependido de assumir a seleção em um primeiro momento por conta de todos os problemas, mas que a boa qualidade dos atletas observados no grupo que irá ao Sul-Americano o fizeram recuperar a confiança. "Posso te dizer que ontem eu dormi seis, sete horas. Antes disso, não", admitiu.

Moncho evitou criticar diretamente os cinco atletas que deixaram o grupo, mas isentou apenas Nenê e destacou que eles não disputarão as Olimpíadas de Pequim, caso o país fique entre os três primeiros colocados do Pré-Olímpico de Atenas. "Comigo eles não voltam mais até o final das Olimpíadas", disse. Após os Jogos, o técnico explicou que o quinteto poderá ser chamado novamente.

Cuidadoso com as palavras, o espanhol, porém, deixou escapar uma dura opinião sobre Varejão e Leandrinho especialmente. "Vocês sabem como é a NBA. Não creio que medo seja a razão deles não terem vindo. Se o Mike D'Antoni (ex-técnico do Phoenix Suns e hoje no New York Knicks) resolve levar alguém para o Knicks. Se o senhor LeBron James mudar de opinião e resolver deixar Cleveland, o que vai acontecer com alguns jogadores? É realmente difícil", explicou, referindo-se a uma possível transferência dos dois durante os próximos meses.

No ano passado, Anderson Varejão, inclusive, não participou do Pré-Olímpico das Américas, em Las Vegas, por conta de sua problemática renovação de contrato com o Cleveland Cavaliers. A mesma razão também foi dada pelo pivô Baby para não competir nos EUA.

Por isso, Moncho acredita que sua medida é vital para manter a união do grupo, maior característica que pretende em sua passagem pela seleção. "Para eles (apontando para os jogadores) é uma resposta. A mim, não muda nada, mas eles precisam saber disso. Temos de mostrar que somos uma grande equipe e tenho confiança nisso", avaliou.

A medida de Moncho foi aprovada pelo grupo, que fez nesta quinta-feira seu primeiro treino para o Pré-Olímpico. "Foi uma decisão óbvia. Eu não aceitaria isso se fosse comigo. Se tem alguém brigando pela vaga e esta pessoa consegue, ela tem de ir. Eles não vieram, paciência, temos de tocar sem eles", afirmou o pivô Tiago Splitter.

O jogador do TAU Cerâmica, inclusive, mostrou mágoa com a declaração do agente de Anderson Varejão, que dizia que o atleta sonhava ainda em disputar os Jogos. "Isso não se faz", disse. Um dos capitães do time, o ala/armador Alex foi outro a endossar a definição de Moncho. "Falei com o Leandro e o Varejão, eles estavam afim, mas cada um teve os seus problemas. Paciência, agora deixa com este grupo", definiu.

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