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09/04/2008 - 09h02

Top na natação, Auburn esquece Cielo e venera futebol americano

Giancarlo Giampietro
Em Auburn (EUA)
Em Auburn, os tigres estão por toda a parte. Eles representam as equipes da universidade que leva o nome da cidade. E o nadador César Cielo é um dos principais Tigers em termos de resultados. Mas nem por isso ele tem sua rotina interrompida quando vai à rua.

Embora o time de natação seja um dos mais fortes dos Estados Unidos, seus integrantes não ocupam lugar na idolatria esportiva local, no Estado do Alabama. Esse espaço é reservado ao vasto elenco do time de futebol americano.

PRODUTOS DE AUBURN
Giancarlo Giampietro/UOL
O estádio Jordan-Hare, centro de diversão
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Alameda central do campus universitário
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"Esta temporada foi um pouco diferente. Ganhei o prêmio de nadador do ano e nossa equipe não foi muito bem, então ficou um pouco mais individualizada a atenção. Mas não chega perto do assédio que eles têm", diz Cielo.

Quando o nadador cai na piscina ou na ocasião em que vai para quadra o time de basquete - que já revelou Charles Barkley, mas que hoje tem apenas um representante na NBA (o ala Marquis Daniels, do Indiana Pacers) -, é certo que os Tigers contarão com o apoio oficial das "cheerleaders" e dos rapazes que entoam seus gritos de guerra. Mas a festa, mesmo, fica reservada para o chamado "Game Day", isto é, o evento do dia, o evento que importa.

Geralmente aos sábados, os jogos de futebol americano em Auburn são realizados no Jordan-Hare Stadium, com a capacidade para 87.451 pessoas. Levando em conta que a população da cidade é de cerca de 51 mil pessoas, dá para se ter uma idéia da grandeza do evento para a região.

Hordas e hordas da vizinhança chegam à cidade para lotar a arena. Alguns estacionam seus trailers nas redondezas quatro dias antes dos confrontos. No "Game Day", até o sistema de trânsito é reformulado, com inversão de mãos e fechamento de vias.

"Vem o pessoal de outras cidades, fica cheio, e o pessoal gosta mesmo", afirma Cielo, que já teve suas experiências nesses dias festivos, mas hoje não dá mais muita bola. "Para falar a verdade não gosto muito. Os outros até me explicaram as regras, e passei a entender o jogo. Mas não tenho paciência para ficar três horas no estádio."

O nadador tem retorno previsto ao Brasil para o fim de abril, e em São Paulo não haverá nenhuma partida com essa duração. O futebol é outro, com os sabidos 90 minutos divididos em dois tempos.

Nesse ponto, por ironia, a sensação pode ser a mesma - os "boleiros" são as figuras mais badaladas e a impressão de Cielo sobre o esporte também não é das melhores. "Só assisto à Copa do Mundo. E sou péssimo jogando."

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