Olimpíadas 2016

Caçula da Rio-2016 treina por SMS, supera maiô rasgado e vence prova

Matt Slocum/AP Photo
Gaurika Singh, nadadora do Nepal, é a mais jovem da Olimpiada do Rio de Janeiro imagem: Matt Slocum/AP Photo

Guilherme Costa

Do UOL, no Rio de Janeiro

Gaurika Singh, de 13 anos, é a atleta mais nova entre todos os inscritos na Rio-2016. No caso da nadadora nascida no Nepal, contudo, juventude não tem nada a ver com volume de histórias acumuladas. Sobrevivente de um terremoto que matou mais de 9 mil pessoas em seu país natal, ela precisou usar mensagens de texto para se preparar para os Jogos Olímpicos e teve de superar um maiô rasgado pouco antes de entrar na piscina do Estádio Aquático Olímpico, no Parque Olímpico da Barra da Tijuca, neste domingo (07). Ainda assim, venceu sua bateria e levantou o público presente.

Inscrita na primeira bateria dos 100 m costas, prova que abriu o cronograma deste domingo, Gaurika nadou o percurso em 1min08s45 e venceu a série que contou com apenas três nadadoras. Foi o 31º tempo no geral (eram 34 competidoras, e somente as 16 primeiras avançariam à semifinal). Para ela, porém, a eliminação não foi motivo para lamentação.

“Foi incrível olhar para o placar e ver meu nome. Foi uma experiência e tanto. Eu não consigo acreditar que isso esteja acontecendo”, disse a nadadora em entrevista coletiva após a prova.

Pouco antes de nadar, Gaurika teve de lidar com um problema: o maiô que ela usaria rasgou, e a atleta precisou discutir com seu técnico se a melhor alternativa era trocar ou manter a peça. O problema é: ele não está no Rio de Janeiro.

Por questões financeiras, Rhys Gormley, principal treinador da nadadora, ficou em Londres (Inglaterra), onde ela vive com a família. A fase final da preparação de Gaurika foi feita à base de troca de mensagens de texto (SMS) e conversas por aplicativos.

Foi assim que Gaurika e seu técnico discutiram a situação do maiô neste domingo. “Eu estava tentando vestir a roupa, e a minha unha atravessou o tecido. Então eu mandei uma mensagem para ele e perguntei o que deveria fazer. Ele me passa instruções por texto o tempo todo”, contou a atleta.

A pressão de nadar para arquibancadas cheias e o maiô rasgado, porém, são problemas pequenos no contexto da trajetória de Gaurika. Ela vive em Londres desde os dois anos de idade, mas estava no Nepal quando um terremoto matou mais de 9 mil pessoas no país. O desastre natural aconteceu em abril deste ano, quando a nadadora viajou a Katmandu para disputar o Campeonato Nacional. Gaurika teve de se esconder sob uma mesa durante o tremor e pegou o primeiro voo para deixar o local.

“Eu me sinto muito abençoada por ter sobrevivido a um terremoto tão terrível. Estou feliz apenas por estar aqui e por ter a chance de dar orgulho a meu país”, completou Gaurika, primeira representante do Nepal na natação dos Jogos Olímpicos.

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