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Brasileiros exaltam torcida 'de futebol' na natação: "Ouvi embaixo d'água"

Guilherme Costa

Do UOL, no Rio de Janeiro

Talvez por ser uma prova de revezamento – era uma competição entre países, e não entre atletas. Talvez pela chance de medalha – era uma das principais apostas de COB (Comitê Olímpico do Brasil) e CBDA (Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos) para a natação da Rio-2016. Independentemente da razão, o fato é que a disputa masculina de 4x100 m livre, neste domingo (07), apresentou uma atmosfera inédita no Estádio Aquático Olímpico, no Parque Olímpico da Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro. Participativa desde o início das provas da modalidade, no sábado (06), a torcida presente na arena tornou-se ainda mais efusiva e se comportou como se estivesse na arquibancada de um jogo de futebol. Isso chamou atenção até dos nadadores brasileiros.

“Eu ouvi embaixo d’água, até. Essa atmosfera estava incrível”, disse Marcelo Chierighini, 25, que abriu o revezamento e teve o melhor desempenho do Brasil – fez 48s47 abrindo a prova e cumpriu os cem metros iniciais na primeira posição da bateria.

“Quando eu entrei, tentei ficar concentrado no meu. Só que aquela vibração é uma coisa que emociona. É difícil, cara. Temos de filtrar isso para jogar a nosso favor”, completou Gabriel Silva Santos, 20, o mais novo entre os integrantes do revezamento brasileiro. Inscrito na Rio-2016 como reserva, ele foi colocado na eliminatória do 4x100 m livre para substituir João de Lucca, 26, que nadou os 200 m livre nesta manhã e deve ser inserido na equipe apenas para a decisão.

Na noite do último sábado (06), na semifinal masculina de 100 m peito, os gritos da torcida no Estádio Aquático chegaram a gerar tensão. O público cantava o nome de João Gomes Júnior, representante local, antes da primeira bateria semifinal da prova. O sistema de som da arena pediu silêncio, e o próprio nadador admitiu que houve excesso num momento que normalmente é de concentração para os atletas.

O comportamento do público já foi um pouco diferente neste domingo. Também houve gritos com os nomes dos atletas – Guilherme Guido, 29, disse que chegou a cantar junto com o público antes de entrar para disputar os 100 m peito. A maior concentração de barulho, porém, aconteceu durante as provas. Foi assim no 4x100 m livre, com a torcida gritando “Brasil” e batendo os pés no assoalho do Estádio Aquático.

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“A gente viu que a competição está muito forte e que a gente tem de melhorar, mas eu sabia que para a gente, e essa é minha terceira Olimpíada, estar aqui seria uma sensação única. A gente não sabia o que esperar. Todo mundo veio ontem [sábado], assistiu às provas, mas a sensação é sempre diferente”, admitiu Nicolas Nilo Oliveira, o mais experiente do revezamento.

Inicialmente, o choque causado pelo comportamento do público pode ter tido um efeito negativo na equipe brasileira. Chierighini, Silva Santos e Nilo deixaram a piscina dizendo que podiam ter sido mais rápidos. Matheus Santana, 20, que teve o pior desempenho entre os quatro, nem quis conversar com jornalistas.

“A gente viu que a competição está forte, mas todo mundo aqui tem muito para tirar. Acho que essa primeira na água é difícil, e vocês têm visto isso para todo mundo que está nadando de manhã. Agora é absorver essa energia e acreditar”, completou Nilo.

A decisão do revezamento 4x100 m livre será na noite deste domingo (as finais têm início previsto para 22h no horário de Brasília). O Brasil foi o quarto colocado nessa prova no Mundial de esportes aquáticos de 2015, disputado em Kazan.

 

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