Relatos das provas

Após dormir menos de 6 horas, Ledecky inicia reinado na Rio-16 com recorde

Michael Dalder/Reuters
Katie Ledecky durante a eliminatória dos 400 m livre imagem: Michael Dalder/Reuters

Guilherme Costa

Do UOL, no Rio de Janeiro

Katie Ledecky não precisou sequer de uma boa noite de sono para começar a estabelecer seu reinado na Rio-2016. Nome cercado por maior expectativa na natação feminina, a norte-americana de 19 anos dormiu menos de seis horas entre a noite de sábado (06), quando ganhou sua primeira medalha nos Jogos (prata no 4x100 m livre), e a manhã de domingo (07), data de sua estreia em provas individuais. E logo na eliminatória dos 400 m livre, mostrou que tem apenas um grande rival na distância nas Olimpíadas: a linha do recorde mundial.

Atual detentora da melhor marca do planeta (3min58s37 em 2014), Ledecky encaixou 3min58s71 neste domingo, principal tempo da temporada e novo recorde olímpico dos 400 m livre – quase três segundos de vantagem para o tempo anterior, da francesa Camille Muffat, que havia registrado 4min01s45 em Londres-2012. No Rio, a diferença para a segunda colocada é outra forma de dimensionar a soberania da norte-americana – Jazz Carlin completou a eliminatória em 4min02s83, mais de quatro segundos atrás de Ledecky.

A vantagem de Ledecky ficou clara desde o início da prova deste domingo. Na metade, na passagem dos 200 m, a norte-americana já havia aberto 1s16 de vantagem para a segunda colocada. Depois, distanciou-se ainda mais do pelotão e passou a lutar apenas com a linha imaginária do recorde.

“Quero ser mais rápida. É nisso que eu tenho trabalhado durante todo o ano, e eu espero que o resultado apareça nesta semana”, contou Ledecky em entrevista coletiva.

A eliminatória foi a primeira prova individual da norte-americana na Rio-2016. No sábado, ela havia disputado o revezamento 4x100 m livre. Apesar de não ser uma velocista, teve o melhor desempenho da equipe que ganhou medalha de prata – a Austrália ficou com o ouro.

Depois da prova, Ledecky teve de estar na cerimônia de premiação, parou para dar entrevistas, jantou no próprio estádio e esperou o ônibus para se deslocar até a Vila Olímpica, onde a natação dos Estados Unidos está hospedada. Foi dormir às 2h45 (de Brasília), mas acordou às 8h neste domingo.

A recuperação rápida, contudo, não é o único motivo para o desempenho de Ledecky repercutir tanto no Rio de Janeiro. A nadadora de 19 anos, medalhista de ouro nos 800 m livre de Londres-2012, estabeleceu um domínio estarrecedor no nado livre durante o último ciclo. Foram nove medalhas de ouro em Mundiais de esportes aquáticos. Ela é a atual bicampeã mundial dos 400 m livre.

Existe mais um motivo para a expectativa em torno de Ledecky ser enorme: ela é a primeira estrela em ação na natação dos Estados Unidos. Principal potência da modalidade na história dos Jogos Olímpicos, o país encerrou o sábado sem conquistar um ouro sequer, algo que não acontecia desde Atlanta-1996.

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