Dani Lins supera inconstância, 'fantasma de Fofão' e brilha em Londres: "Quase perfeita"
Luiz Paulo Montes
Do UOL, em Guarulhos (SP)
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Getty Images
Levantadora do Brasil, Dani Lins se destacou nas Olimpíadas
Depois de conquistar o título olímpico em Pequim-2008, a seleção feminina de vôlei viu sua referência em quadra deixar a equipe. Fofão decidiu dedicar-se apenas a seu clube e deixou a camisa verde-amarela de lado. A saída da experiente levantadora gerou um problema para Zé Roberto: quem assumiria a posição de titular?
Durante todo o ciclo, Dani Lins e Fabíola se alternaram entre as titulares, e viram Fernandinha chegar faltando três meses para os Jogos de Londres e garantir sua vaga. Restava uma só na posição, para duas jogadoras. Dani levou a melhor. Superou a inconstância que a acompanhou durante várias competições, assumiu o posto de titular no quarto jogo do torneio e conduziu a equipe ao bicampeonato. Suas atuações serviram para, enfim, afastar o "fantasma de Fofão", que rondava o grupo desde 2008.
"A Dani sempre entrou super bem, e foi titular em alguns campeonatos neste ciclo. No momento, a comissão técnica achou que ela estava melhor (que Fabíola, cortada). Aí vem a situação: no treino ela se manteve tranquila sempre, parecia que estava jogando um campeonato qualquer. Eu me perguntava: 'será que ela tem noção de que está na Olimpíada?' Não a vimos para baixo em nenhum momento. Se sentiu à vontade e se soltou", elogiou José Roberto Guimarães, técnico tricampeão olímpico, durante coletiva na chegada ao Brasil, nesta segunda.
Fernandinha começou como titular, mas o entrosamento com as companheiras não foi o esperado. Zé Roberto, em situação desesperadora, já que precisava vencer a China de qualquer maneira, escalou Dani. Ela, então, surpreendeu positivamente. Focada, cometeu pouquíssimos erros. A partir dali a seleção cresceu e se encaminhou para o título histórico.
"Eu nunca vi ela cometer tão poucos erros como foi em Londres. Contra o Japão foram duas bolas, sendo que uma nem foi erro. Fez um jogo muito bom, foi quase perfeita. Contra os Estados Unidos também foi a mesma coisa. O primeiro set, que a gente foi atropelado, ela não teve culpa. Dava tudo certo para as americanas. Para mim, ela foi uma das levantadoras que mais brilhou em Jogos Olímpicos que eu tenha visto até aqui", comemorou o comandante, à frente da equipe desde 2003.
Para a edição de 2016 da Olimpíada, no Rio de Janeiro, Zé não sabe ainda se seguirá no comando. O fato é que, independente do treinador, a posição de levantadora parece ter uma dona fixa a partir de agora, caso Dani mantenha o nível durante o ciclo olímpico. Fernandinha, aos 32 anos, não deve seguir na equipe por mais quatro anos, e, assim, deve abrir espaço novamente para Fabíola retornar.
Após a conquista da sonhada medalha de ouro, Dani não desembarcou com a restante das companheiras em São Paulo. Ela e Jaqueline ficarão em Londres até quarta-feira, e retornam ao país juntamente com a delegação masculina do Brasil, onde atuam Sidão e Murilo, respectivos namorado e marido.