Ministro evita cobrança ao COB, mas pede que Brasil esteja melhor em 2016
Gustavo Franceschini
Do UOL, em Londres (Inglaterra)
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AP Photo/Alastair Grant
Ministro do Esporte, Aldo Rebelo, concede entrevista na embaixada brasileira em Londres após os Jogos
O desempenho da delegação brasileira em Londres ficou abaixo do que esperava o Ministério do Esporte, mas nem assim o ministro Aldo Rebelo entrou em conflito com o COB. Em entrevista coletiva concedida na capital britânica, o político tratou as 17 medalhas como “dentro das expectativas”, mas adiantou que o país precisa melhorar em 2016.
“Sobre o desempenho do Brasil, pudemos ver que alcançamos 17 medalhas. Tivemos 15 medalhas em Pequim. Ficamos dentro das expectativas que traçaram para o Brasil entre 15, o número do COB, e 20, o do Ministério”, disse Aldo Rebelo, que evitou fazer uma avaliação mais profunda dos números apresentados em Londres.
“Temos de fazer um esforço maior entre todos os agentes que trabalham no esporte. Teremos o bolsa-técnico, o plano medalhas, a melhoria dos equipamentos. Tudo para que a gente melhore a expectativa para 2016, já que em 2016 teremos a condição inédita de cidade-sede. Todos os últimos países fizeram um esforço inicial para tornar compatível o seu desempenho com a condição de cidade-sede”, disse o ministro do Esporte.
Desde já, o Brasil sai atrás dos seus países que o antecederam como sede. Tradicionalmente, a nação que vai receber os Jogos Olímpicos dá um salto de qualidade na edição anterior à sua. A delegação verde-amarela, segundo levantamento do UOL Esporte, é a segunda que menos cresceu quatro anos antes de organizar a competição desde 1992, perdendo só para a China, que já tinha dado seu salto de qualidade em 2000.
O pronunciamento do ministro do Esporte ajudou a exibir a disparidade entre a pasta e o COB. Além das metas, os políticos também divergem na avaliação do valor de dinheiro público investido no esporte no último ciclo olímpico. Enquanto o COB fala em cerca de R$ 300 milhões e ignora patrocínios de estatais, Lei de Incentivo ao Esporte e projetos do próprio Ministério, a pasta se aproxima do número levantado pelo UOL Esporte antes dos Jogos, de R$ 2,1 bilhões.
A concordância sobre o valor será fundamental nos próximos anos para que sejam estabelecidas metas de evolução. O Governo Federal promete cobrar individualmente, em conjunto com o COB, cada uma das modalidades olímpicas de acordo com o valor investido e a capacidade de crescimento. Para isso, as duas partes precisam falar a mesma língua ao projetar os objetivos.
“O bom desempenho em 2016 depende de uma boa articulação entre Governo Federal, Estadual, COB e o Comitê Organizador. Nós faremos tudo ao nosso alcance para aumentar a integração, para aumentar a relação de confiança. Em um ambiente de trabalho às vezes há divergências que não necessariamente atrapalham o desenvolvimento. Toda ação humana depende de um mix de pessimismo da razão e o otimismo da vontade”, disse Luis Fernandes, secretário-executivo do Ministério do Esporte.
A pasta já avalia, no entanto, que a existência de um balanço do COB é uma evolução na relação. “É a consolidação da ideia de que precisa ter uma avaliação de resultados. Nem sempre foi assim. Em Pequim não foi assim, por exemplo. O Ministério debateu para que tivesse ideia de objetivos, metas, confronto entre resultado obtido e investimento investido. Esse debate vai amadurecer a política e fazer com que se dê passos seguintes. Foi uma cultura que foi rompida no esporte brasileiro”, disse Ricardo Leyser, secretário nacional de esporte de alto rendimento.