Brasil falha com geração 2016 e tem menor aumento entre sedes olímpicas desde 1992

Bruno Doro e Bruno Freitas

Do UOL, em São Paulo e Londres (Inglaterra)

  • Luiz Pires/Vipcomm

    <strong>PARA 2016, COB FALA EM COPIAR CAZAQUISTÃO</strong><p>Ao comentar os resultados do Brasil em Londres-2012, o COB fez questão de dizer que os 17 pódios estavam ?dentro da expectativa?. Para o futuro, segundo o superintendente Marcus Vinícius Freire, porém, países com investimentos bem mais modestos, como o Cazaquistão, vai virar modelo.<p><strong>O desempenho do Brasil, se comparado com o do Reino Unido, é muito inferior, incluindo o de quatro anos atrás. Qual o motivo dessa diferença?</strong><p>Eles estão na terceira Olimpíada. E vêm fazendo um trabalho de investimento há pelo menos 16 anos. Se a gente continuar nesta crescente de investimentos, vamos chegar num patamar como este aí. Mas não vai ser em 2016 ainda. Pelo fato de serem o Time GB (Grã-Bretanha), reunindo vários países, não têm cultura de esporte coletivo. A gente, por outro lado, tem mais essa cultura. Mas temos muito a aprender com eles, que se dão bem em esportes que oferecem muitas medalhas, como ciclismo, remo e canoagem. Trabalham isso muito bem.<p><strong>Quais projetos podem se aproximar mais ao caso brasileiro, então? </strong><p>Temos o caso do Cazaquistão, com número impressionante de medalhas no levantamento de peso, quatro ouros. É um caso de sucesso de investimento em uma modalidade que oferece muitas medalhas.<p><strong>As 17 medalhas conquistadas ficaram acima da previsão do COB. Foi uma forma de evitar pressão em cima de resultados? </strong><p>Existe uma meta matemática. Não existe ninguém que entenda mais de esporte do que o COB. Nossos especialistas desenharam uma meta para algo em torno de 15. Nós sabemos quem são os atletas, quais foram os mundiais que nós participamos, quais foram as trocas de gerações que tivemos. Está tudo dentro da nossa expectativa.

    PARA 2016, COB FALA EM COPIAR CAZAQUISTÃO

    Ao comentar os resultados do Brasil em Londres-2012, o COB fez questão de dizer que os 17 pódios estavam ?dentro da expectativa?. Para o futuro, segundo o superintendente Marcus Vinícius Freire, porém, países com investimentos bem mais modestos, como o Cazaquistão, vai virar modelo.

    O desempenho do Brasil, se comparado com o do Reino Unido, é muito inferior, incluindo o de quatro anos atrás. Qual o motivo dessa diferença?

    Eles estão na terceira Olimpíada. E vêm fazendo um trabalho de investimento há pelo menos 16 anos. Se a gente continuar nesta crescente de investimentos, vamos chegar num patamar como este aí. Mas não vai ser em 2016 ainda. Pelo fato de serem o Time GB (Grã-Bretanha), reunindo vários países, não têm cultura de esporte coletivo. A gente, por outro lado, tem mais essa cultura. Mas temos muito a aprender com eles, que se dão bem em esportes que oferecem muitas medalhas, como ciclismo, remo e canoagem. Trabalham isso muito bem.

    Quais projetos podem se aproximar mais ao caso brasileiro, então?

    Temos o caso do Cazaquistão, com número impressionante de medalhas no levantamento de peso, quatro ouros. É um caso de sucesso de investimento em uma modalidade que oferece muitas medalhas.

    As 17 medalhas conquistadas ficaram acima da previsão do COB. Foi uma forma de evitar pressão em cima de resultados?

    Existe uma meta matemática. Não existe ninguém que entenda mais de esporte do que o COB. Nossos especialistas desenharam uma meta para algo em torno de 15. Nós sabemos quem são os atletas, quais foram os mundiais que nós participamos, quais foram as trocas de gerações que tivemos. Está tudo dentro da nossa expectativa.

  • ESPORTE INDIVIDUAL SERÁ PRIORIDADE

O recorde de medalhas brasileiras em Jogos Olímpicos foi quebrado. Em Londres-2012, atletas verde-amarelos foram ao pódio 17 vezes, 13,3% a mais do que os 15 em Pequim-2008. Mesmo assim, não há muito para comemorar: o Brasil falhou na formação de uma geração de medalhistas para a Olimpíada do Rio 2016.

Quer uma prova? Olhe para o número de medalhas que países como Reino Unido, Austrália e até Grécia conquistaram na Olimpíada anterior àquela que sediaram. Excluindo a China, que fez o salto quatro anos antes, o crescimento brasileiro é o menor entre as sedes desde Barcelona-1992.

“Fizemos a melhor preparação que poderíamos fazer. Trabalhamos para oferecer as melhores condições para técnicos, atletas e confederações. Oferecemos aclimatações para algumas modalidades, como o judô em Sheffield, a ginástica na Bélgica. Mas aqui não é como uma bolsa de valores. Se todo mundo ganha, para onde vai esse dinheiro? Alguém tem que perder. Às vezes os resultados dos campeonatos mundiais não representam a realidade dos Jogos Olímpicos, por uma série de fatores”, justifica Carlos Arthur Nuzman, presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) e do Comitê Organizador dos Jogos do Rio-2016.

Em três das cinco últimas Olimpíadas, as sedes experimentaram ao menos 50% de aumento no total de medalhas conquistadas já nos Jogos anteriores aos que sediaram. A Austrália, de Sydney-2000, cresceu 52% já em Atlanta-1996. A Grécia, 62,5% de 1996 para 2000. O caso mais emblemático é o Reino Unido, que ganhou 57% de Atenas-2004 a Pequim-2008 – e ainda terminou sua Olimpíada em terceiro lugar, com 65 medalhas, 18 a mais do na China.

“A grande diferença entre eles (Reino Unido) e a gente é que estão na terceira Olimpíada. E vêm fazendo um trabalho de investimento há pelo menos 16 anos. Se a gente continuar nesta crescente de investimentos, vamos chegar num patamar como este aí. Mas não vai ser em 2016 ainda”, avisa Marcus Vinícius Freire, superintendente do COB.

Fora da curva, EUA e China também mostram números melhores do que os brasileiros. Mesmo já sendo potência, EUA aumentaram 15% seu número de medalhas de 1988 para 1992. A China foi a única sede que cresceu menos que o Brasil: como já tinha dado um salto de 78,5% de Seoul-1988 para Barcelona-1992, o crescimento se manteve baixo até os Jogos de Pequim. Foram 6,7% de 2000 para 2004.

Além disso, a idade dos medalhistas brasileiros em Londres-2012 também preocupa. A média dos medalhistas é de 26,4 anos. Mas ao excluir o futebol, que tem limite de idade, esse número sobe para 28,8. Isso quer dizer que o Brasil chegará com uma geração trintona de medalhistas para sua Olimpíada.

Para aumentar ainda mais a pressão sobre o Brasil na preparação para o Rio-2016, existe ainda a colocação dos países sede em seus Jogos. Pós-boicote, o único país que ficou fora do top-6 em sua Olimpíada foi a Grécia, 15ª em 2004. Todos os outros estiveram entre os melhores: Reino Unido em 3º em 2012, China em 1º em 2008, Austrália em 4º em 2000, EUA em 1º em 1996, Espanha em 6º em 1992 e Coréia do Sul em 4º em 1988. 

CADA MEDALHA CUSTOU R$ 123,5 MILHÕES EM DINHEIRO PÚBLICO

Com o encerramento das competições neste domingo, o Brasil bateu em Londres o seu recorde no total de medalhas em uma edição dos Jogos Olímpicos. Foram 17 aparições no pódio em Londres. Por trás da marca, porém, está também o maior investimento do governo na história de um ciclo olímpico: com apenas duas medalha a mais que o recorde anterior, o preço de cada conquista inflacionou em 54,3% e chegou a R$ 123,5 milhões.


Segundo levantamento do UOL Esporte, a preparação dos 258 atletas inscritos em 27 modalidades custou R$ 2,1 bilhões. Esses números levam em conta o investimento governamental, incluindo Lei de Incentivo ao Esporte, verbas do Ministério do Esporte, patrocínio de sete empresas estatais e Lei Agnelo Piva, durante o ciclo olímpico de 2012. O número é maior que os R$ 1,2 bilhão investidos no esporte olímpico nacional entre 2005 e 2008, levando em conta também apenas investimento governamental.

COMPARATIVO: BRASIL TEM RECORDE DE PÓDIOS, MAS EVOLUÇÃO É PEQUENA

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