Vôlei feminino do Brasil repete roteiro de Pequim, renasce após crise e ataca críticos

Gustavo Franceschini

Do UOL, em Londres (Inglaterra)

Depois de uma grande crise, a seleção feminina de vôlei reagiu, está no caminho das medalhas e vocifera contra os críticos. O roteiro que parece o do ouro de Pequim, há quatro anos, está acontecendo de novo em Londres, já que depois da vitória suada contra a Rússia nas quartas elas estão a uma vitória de garantir mais uma medalha em seus currículos, apesar dos prognósticos negativos.

Em 2008, as meninas vinham de uma série dura de resultados negativos. Quatro anos antes, em Atenas, perderam a semifinal contra a Rússia com direito a cinco match points desperdiçados. Em 2006 e 2007, a perda do Mundial para a mesma Rússia e do Pan do Rio de Janeiro para Cuba, respectivamente, contribuíram para uma fama de "amarelonas".

Quando a equipe surpreendeu e atropelou as rivais em Pequim, não deixou passar a chance de rebater os críticos. "São quatro anos que estamos tentando responder algo que não tem resposta. As pessoas podiam saber massacrar menos. É uma geração vencedora e podia ser mais respeitada", disse a líbero Fabi, à época.

Em Londres, a crise aconteceu mais tarde, mas o cenário foi parecido. O Brasil não vem bem desde o ano passado, não convenceu no Grand Prix e começou muito mal os Jogos Olímpicos, com derrotas para Estados Unidos e Coreia do Sul e a quase eliminação na primeira fase. Com a vitória inesperada contra a Rússia, nas quartas, elas voltaram a reclamar de quem não acredita no bi olímpico.

"Muita gente deixou de acreditar, mas a gente não", disse Jaqueline, visivelmente incomodada, após a vitória sofrida. "A gente fica triste, porque o povo acha que estamos aqui por lazer. Estamos com o maior amor à camisa, à pátria. Eu sempre busco o lado positivo das coisas, então isso até me motiva a jogar melhor", disse a central Thaisa, citando comentários maldosos na internet como grande motivo para a chateação. 

O discurso é de que, após a crise da primeira fase, elas voltaram a jogar bem e estão no caminho de um novo ouro, o mesmo cenário de superação apresentado na China. 

"Hoje [vitória contra a Rússia] foi um passo enorme. Fico feliz de ver que a gente cresceu na hora certa", disse Fabiana. "Nosso grupo é muito forte. Acho que voltamos a jogar o nosso melhor", avaliou Sheilla.

A exceção ao pensamento geral é o técnico José Roberto Guimarães, que não vê um paralelo tão claro entre as duas situações. "É diferente porque naquela época elas estavam sobrando, então é difícil comparar", concluiu o treinador. 

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