Estados Unidos batem o Brasil e mantêm freguesia recente no vôlei feminino
Gustavo Franceschini
Do UOL, em Londres (Inglaterra)
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REUTERS/Ivan Alvarado
Bloqueio brasileiro sobe para tentar evitar ponto norte-americano; time voltou a cair diante das mesmas rivais
A seleção feminina de vôlei do Brasil sofreu sua primeira derrota no torneio olímpico. Nesta segunda, a equipe levou 3 sets a 1 (25-18, 25-17, 22-25 e 25-21) dos Estados Unidos, carrasco da equipe nos últimos tempos. Em um ano, esta foi a quinta vez seguida que o time de José Roberto Guimarães foi derrotada pelas rivais.
"[A sequência de derrotas] Incomoda, você fica chateada, com mais raiva. Mas tem de colocar a cabeça no lugar, trabalhar e quem sabe encontrá-las de novo na final", disse Dani Lins, que jogou boa parte do terceiro e do quarto sets.
Desde 2008, quando o Brasil venceu justamente os EUA na final em Pequim e ganhou o ouro, foram oito encontros, com três vitórias da seleção verde-amarela e cinco das americanas. O último triunfo de Jaqueline, Paula Pequeno e companhia foi na primeira fase do Grand Prix do ano passado, que acabou vencido pelas americanas.
Depois disso, o Brasil ainda perderia na Copa do Mundo de 2011 e duas vezes no Grand Prix desse ano. Desta vez, o duelo ainda teve um espectador de luxo: o jogador de basquete Kobe Bryant foi conferir a partida. Sob os olhares do astro, as americanas mostraram sua força. Não por acaso, a equipe é apontada por José Roberto Guimarães como favorita ao ouro olímpico em Londres. Para o Brasil, a derrota significa um sinal de alerta dentro do grupo, que ainda tem China, Turquia, Sérvia e Coreia do Sul e só leva quatro à fase seguinte.
No primeiro set, o Brasil errou demais no passe e por vezes exigiu que Fernandinha colocasse a bola muito perto da rede ou até forçasse um lance de segunda. Mesmo assim, ficou próximo dos EUA no placar. Os erros de saque, no entanto, fragilizaram o time. Em momentos-chave, Thaisa, Sheilla e Paula Pequeno desperdiçaram a chance de uma reação, e as desatenções acabaram fazendo o time rival disparar no marcador.
"Nós erramos 15 saques e elas cinco, é muita diferença", disse José Roberto Guimarães. "Erramos em momentos em que não poderíamos errar, mas temos de melhorar todos os fundamentos, não só o saque", disse a central Fabiana, capitã da equipe.
Com o 25 a 18 no marcador da primeira parcial, Berg, a levantadora norte-americana, cresceu muito. A capitão do time distribuiu bem as jogadas, frequentemente deixou as companheiras diante de uma só rival na rede e fez com que os Estados Unidos largassem na frente. Enquanto isso, o Brasil seguia mal no bloqueio, que passou em branco no primeiro set.
José Roberto Guimarães, técnico do Brasil, esperou os Estados Unidos abrirem certa vantagem para tentar mexer na partida com as entradas de Fernanda Garay e Adenízia. A diferença de pontos seguiu até a inversão, quando ele colocou Dani Lins em quadra. Mais tarde, ele ainda arriscou Natália na vaga de Paula Pequeno, mas a vantagem já era muito grande e o time perdeu de novo o set, desta vez por 25 a 15.
O terceiro set começou melhor para a seleção brasileira. Com o bloqueio funcionando, a equipe contou com dois erros americanos para abrir 8 a 3. As americanas encostaram, deram trabalho mas foram vencidas na parcial por 25 a 22, com Dani Lins já em quadra na vaga de Fernandinha. Só que bastou voltar à quadra para o time brasileiro apagar de novo.
Apesar de ter esboçado uma reação quando chegou em 11-12, o Brasil esteve sempre atrás, com o bloqueio fazendo pouco para deter as americanas, que dispararam. O Brasil ainda conseguiu se acertar, chegou a ficar só dois pontos atrás, mas de novo vacilou no saque quando não podia e perdeu por 25 a 21.
Grande algoz do Brasil, a oposta Destinee Hooker foi a estrela do jogo, com 23 pontos. Na saída do ginásio, José Roberto Guimarães exaltou a ex-jogadora do Sollys/Osasco. "O time dos Estados Unidos é o melhor do mundo e ela está jogando muito. Fez tudo isso e não foi só em contra-ataques, ela botou quase todas no chão, e nós conseguimos bloquear uma ou outra vez", avaliou o técnico.
Agora, o Brasil ganha um dia de folga para encarar a Coreia do Sul na próxima quarta, às 18h, horário de Brasília.