Daiane dos Santos dá adeus à seleção em baixa, sem pompa ou anúncio oficial

Gustavo Franceschini

Do UOL, em Londres (Inglaterra)

Daiane dos Santos não disputará mais nenhuma competição pela seleção brasileira. A atleta que colocou o Brasil no mapa da ginástica mundial, primeira do país a ganhar um Mundial, abandonou a carreira internacional neste domingo. Com a eliminação em Londres, o adeus da ginasta gaúcha acontece com ela em baixa tecnicamente e sem pompa ou sequer anúncio oficial.

“Eu vou parar sim. Não tem nenhuma chance [de ir até 2016]. Eu vou até o fim do ano com o Pinheiros porque tenho contrato e tenho de cumprir, mas ano que vem eu colocar ‘desempregada’ no meu currículo”, disse a ginasta, após fazer suas apresentações na manhã deste domingo em Londres.

A única “festa” que teve foi das companheiras de seleção, que se abraçaram no ginásio depois que encerraram sua participação. O encontro, no entanto, não teve o tom de despedida que poderia, já que naquele momento a equipe e a própria Daiane não estavam oficialmente fora da competição.

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Com o decorrer do dia, as demais ginastas que estão em Londres se apresentaram e acabaram derrubando a equipe feminina do Brasil, que não emplacou nenhuma final. Daiane, ao deixar o ginásio pela seleção brasileira pela última vez, sequer falou com mais detalhes à imprensa sobre sua aposentadoria.

“Vamos ver o que vai acontecer. Ainda tem quatro rotações, várias equipes para passar. Espero que a gente consiga ir a várias finais”, disse Daiane. A empolgação da ginasta se devia ao fato de que ela foi bem nas suas apresentações, em uma comparação com suas atuações mais recentes. Os 14,166 pontos que conseguiu no solo não foram suficientes para que ela chegasse à final, seu maior objetivo em Londres.

A CBG (Confederação Brasileira de Ginástica) até agora não se manifestou sobre a possibilidade de uma homenagem à atleta, uma das responsáveis pela popularização da modalidade.  Daiane começou a aparecer com destaque depois de Daniele Hypolito conseguir os primeiros grandes resultados internacionais para o Brasil, mas foi além da companheira de seleção.

Em 2003, tornou-se a primeira ginasta do país a conquistar o ouro em um Mundial, quando levou o solo no torneio de Anaheim, nos Estados Unidos. Também protagonizou uma das maiores decepções do esporte, em 2004, quando era favorita à medalha de ouro mas cometeu um erro e acabou no quinto lugar.

Desde então, se afastou de seu melhor momento, sofreu com lesões e teve até um caso de doping em 2009, quando estava parada recuperando-se de cirurgia. Quando voltou à seleção no ano passado, passou a conviver com a dúvida sobre suas condições técnicas, já que nunca repetiu as atuações de outros tempos. Na reta final para Londres, chegou a ser ameaçada de corte, o que a motivou a fazer um desabafo em sua última entrevista como ginasta da seleção.

“Muita gente não queria eu e a Ethiene aqui, mas a gente veio e competiu nos quatro [aparelhos] sem queda. A pessoa sabe quem é. Na verdade é uma pessoa só, mas eu vou deixar no ar o nome”, disse a ginasta.

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