Grávida do tiro revela conversa com bebê durante a prova e diz que não pensou em desistir
José Ricardo Leite
Do UOL, em Londres (ING)
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AP Photo/Rebecca Blackwell
Nur Mohamed Suryani Taibi, da Malásia, está grávida de oito meses e disputa o tiro esportivo
Durou apenas uma hora e meia o sonho olímpico de Nur Mohamed Suryani Taibi. Mas cada minuto foi intenso em Londres para a malasiana de 29 anos que competiu grávida de oito meses no tiro esportivo.
Ela foi eliminada logo na fase classificatória no rifle de ar de 10 metros, mas se disse feliz pela superação e afirmou que em nenhum momento pensou que não seria possível disputar os Jogos ou desistir da prova.
“Não, não, em nenhum momento [pensou em desistir]. Se eu penso que posso fazer, eu vou fazer. Quando quero fazer, eu faço”, falou ela, que disse ter tido apoio total do pai da criança. “Meu marido me apoiou 100%. Ele dizia que é esse meu sonho e que tinha que realizar meu sonho".
Taibi relevou ainda que manteve a rotina de “conversar” antes e durante a prova com o bebê, uma menina que se chamará Dayana Widyan.
“Se cuida mamãe, boa prova”, falou a competidora sobre o que disse a filha antes de ela competir. Durante a prova, a mãe voltou a falar com ela. “Sim, sim, conversei com ela na prova. A cada movimento que ela fazia, cada vez que se mexia, eu falava ´calma, calma, mamãe está aqui, mamãe vai ficar aqui e está e tudo bem. E ela ficou calma".
“Ela é uma garota de muita sorte, pois antes mesmo de nascer já competiu em uma Olimpíada”, continuou.
Atração entre os jornalistas, a malasiana não foi tão assediada pelas outras dezenas de competidoras que disputaram a sua prova. “A maioria delas ficou calada e não falou nada. Mantiveram distância e apenas esboçavam um sorriso e desejavam boa sorte”, falou.
Sobre competir nos Jogos do Rio e levar sua filha para o país, futuramente com quatro anos, ela não demonstrou ter isso como grande objetivo. “Não sei, primeiro preciso pensar em tê-la comigo na minha casa. Com sorte, talvez eu vá para as próximas Olimpíadas com ela e meu marido".
Apesar de ter os sintomas de gravidez, o principal obstáculo foi convencer as autoridades malasianas a deixá-la competir. O comitê local estava preocupado com a saúde da competidora e de seu bebê e sugeriu que outro nome do país fosse como representante nos Jogos.
O COI (Comitê Olímpico Internacional) não tem registros oficiais do números de grávidas que competiram em edições anteriores. Mas pesquisas da imprensa lembram de apenas outros três casos, e todos em Jogos de Inverno, nunca de Verão.