Ex-fenômeno local, Nenê joga em São Carlos após 13 anos para emoção de 1º técnico

Bruno Freitas

Do UOL, em São Carlos (SP)

  • Divulgação/CBB

    Nenê Hilário tem noite especial em jogo diante de familiares e amigos nesta terça em São Carlos

    Nenê Hilário tem noite especial em jogo diante de familiares e amigos nesta terça em São Carlos

Depois de uma longa temporada de desencontros com a seleção brasileira, pontuados por uma intensa boataria, Nenê Hilário volta a vestir as cores da equipe nacional nesta terça-feira, quando a equipe de Rubén Magnano encara a Nova Zelândia pelo Torneio Eletrobras, quadrangular internacional de preparação para a Olímpiada. Emblematicamente, o reencontro acontece em São Carlos, cidade natal do jogador do Washington Wizards, cuja ilustre presença nas redondezas emociona antigos companheiros e revive histórias do tempo em que o pivô era uma espécie de fenômeno juvenil local.

PRATA DA CASA

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    Nivaldo Meneghelli tem no currículo de técnico a formação de Nenê Hilário para o basquete

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    Revelação de Nenê é orgulho em parede de ginásio do Basquete Meneghelli, em São Carlos

Nenê nasceu para o basquete dentro da equipe local de Nivaldo Meneghelli Jr., um ex-jogador que hoje comanda projeto de formação de jogadores em São Carlos. Com a equipe da cidade, o futuro pivô da NBA causou furor em participações em jogos adultos, mesmo ainda na casa dos 15 anos, disputando competições  como os Jogos Abertos do Interior.

O técnico de São Carlos foi uma espécie de guru na formação do pivô da seleção, entre 1992 e 1999, tempo que passou com o Basquete Meneghelli e cobiçou interesse de outros times do Estado. O professor de Nenê chegou a ser ouvido por agentes da NBA antes do processo de draft [recrutamento de jovens pela liga] do brasileiro, em 2002. Hoje em dia o jogador mostra sua gratidão ajudando financeiramente projetos da primeira equipe e, agora na ilustre visita com a seleção, mexe com seu antigo mestre.

"A expectativa é muito legal. Na gíria do basquete, digo que São Carlos está pegando fogo. Na realidade não é a primeira vez que ele joga aqui, atuou por sete anos com a gente. A última partida dele aqui nas categorias de base foi em 22 de novembro de 1999. Sinto o dever cumprido, de acreditar num talento, de o Nenê também acreditar no meu trabalho. Esperava que ele chegasse a um time de ponta aqui no Brasil, mas não na NBA, não na seleção brasileira", afirma Meneghelli.

"Com o nome dele, com a imagem dele, sempre ajudou com uma graninha, uma verbinha, sempre ajudou. Agradecendo o que eu fiz por ele", acrescenta o treinador de São Carlos sobre o jogador de 29 anos.

Ao redor da quadra do Basquete Meneghelli existem muitas menções à passagem de Nenê pelo local, como a ilustração da camisa 13 que o pivô da seleção carregava às costas na cidade.  Por lá também trabalha Odinei Trabuco, comandante de equipes femininas, que atuou junto com o pivô dos Wizards em sua época de juventude.  "Era um meninão, obedecia tudo, muito educado", relata.

MAIS SOBRE O QUADRAGULAR

A seleção de Rubén Magnano estreia no Torneio Eletrobras de São Carlos na noite desta terça, às 21h (de Brasília), diante da Nova Zelândia. Antes, às 19h, as equipes de Grécia e Nigéria abrem a disputa do quadrangular no ginásio Milton Olaio Filho. Os ingressos para a rodada dupla de basquete custam de R$ 10 a R$ 40.

Para o compromisso desta terça, Magnano terá à disposição além do grupo inicialmente convocado para a preparação olímpica três jogadores que defenderam o time B do Brasil no Sul-Americano da Argentina, na última semana: o armador Nezinho o ala Benite e o pivô Augusto Lima.

Segundo o ex-companheiro, Nenê sempre foi um jogador aplicado e determinado, que chegava a cobrar companheiros de time que faltavam em treinos, além de impressionar com seus 2,11 metros em jogos de adultos. Com condições financeiras limitadas na época, o pivô atravessava a cidade de bicicleta para as práticas da equipe. O futuro jogador da seleção certa vez também contou com a ajuda dos técnicos para comprar um par de tênis adequados para o basquete.  

"Eu joguei com o Josuel na mesma idade, de 15 anos, e um dia falei para o Meneghelli: 'É melhor que o Josuel'", diz Odinei na comparação do então jovem Nenê com o antigo pivô da seleção. "São Carlos não conhece o Nenê. A maioria da população não conhece ele. É uma oportunidade para que isso aconteça agora", emenda o treinador, que sacrificará suas aulas paras prestigiar o amigo na noite desta terça.

O tio de Nenê Edson Vilares relata que a família deve comparecer em peso ao ginásio Milton Olaio Filho na noite desta terça. A turma de parentes ganhará o reforço de Mateos, filho do jogador, em sua estreia como espectador de basquete.

"Jogar com meu filho no ginásio é especial. Só o sorriso dele me dá energia. Ele ainda não entende, mas vamos tirar fotos para ele ver quando crescer, dizer que viu o pai jogar na raiz dele [São Carlos]", afirmou Nenê após o treino de segunda na cidade.

"Estou muito contente de estar com a seleção, onde sempre estive, esperando fazer uma boa preparação para Londres. Jogar perto da minha família, dos meus amigos, aqui na minha terrinha é especial. Espero pegar essa energia positiva das pessoas próximas", adicionou o jogador, que, segundo balanço da CBB (Confederação Brasileira de Basquete), não defendia a seleção no país desde 2003.

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