Preparação da Somália para os Jogos tem ruas de tiroteio e estádio com restos de granada
Do UOL, em São Paulo
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FEISAL OMAR/REUTERS
Estádio Konis, em Mogadíscio, caindo aos pedaços e com marcas de tiros
A preparação de alguns atletas da Somália para os Jogos Olímpicos de Londres tem um cenário sombrio e que remete, literalmente, a um clima de guerra. Mas, surpreendentemente, a ida para realizar treinamentos no local chega a ser um avanço.
O palco de alguns corredores olímpicos tem marcas de bala, restos de granada e apenas pedaços de arquibancada. O estádio Konis, em Mogadíscio, funcionava como quartel para militantes islâmicos do grupo Al Shabaab.
O grupo fugiu, e o estádio foi destruído quase que completamente pelas forças governistas.
Mas treinar no local é uma boa para o corredor de 1.500 m Mohamed Hassan Mohamed, já que antes ele tinha que usar as ruas de Mogadíscio como pista para seu treinamento. E elas são uma das mais perigosas do mundo, com direito a tiroteio ao ar livre.
“Está mais fácil para nós treinarmos agora agora”, falou o atleta, de 22 anos, um dos quatro representantes do país africano nos Jogos.
Mas, apesar de comemorar, o atleta admite que falta estrutura para competir pelo país e realizar uma boa preparação.
“Nossas recursos são pobres. Não temos um centro de treinamento moderno com uma boa academia. Deveríamos substituir nossos tênis com muita frequência. Mas, ao invés disso, nós apenas os lavamos.”
A chance de treinar no destruído estádio, no entanto, não afasta totalmente o perigo para o grupo de corredores.
Muitas vezes são "despejados" do local e obrigados a voltar para as ruas quando frentes do governo precisam passar ou utilizar o resto do estádio para algum evento.
A Somália jamais conquistou uma medalha olímpica. O melhor resultado do país foi um sexto lugar, com Abdi Bile, nos Jogos de Atlanta, nos Estados Unidos, em 1996.