Invicto há 4 anos, judoca francês busca o ouro para lembrar amigo que teve leucemia

Do UOL, em São Paulo

Teddy Riner é o maior nome do judô atual. Invicto há quatro anos em sua categoria, ele ganhou quase tudo o que podia desde 2008 e busca um ouro olímpico para completar sua galeria de conquistas. Como fez há quatro anos, quando foi bronze em Pequim, o peso-pesado quer homenagear o amigo Fred Escalante, que teve leucemia e ajudou a moldar o caráter do campeão ao longo desses anos.

Os dois se conheceram, ainda adolescentes, nos treinamentos da seleção francesa. Em 2007, Fred estava em uma competição quando começou a sentir dores e viu a perna inchar. Foi diagnosticado com leucemia, passou três semanas na UTI, mais três em tratamento e conseguiu se recuperar.

“Eu saí e fui a Guadalupe (colônia francesa no Caribe, onde Teddy Riner nasceu) visitar a família dele. Encontrei serenidade e esqueci aquela história toda. Teddy sempre esteve comigo. Sua alegria de viver, seu espírito aberto e sua disponibilidade me ajudaram muito”, disse Fred ao jornal La Provence.

Campeão mundial em 2007 aos 18 anos, Teddy tentou ajudar ainda mais no ano seguinte. Só quem em sua primeira Olimpíada o favoritismo abalou sua confiança. Ele perdeu para um uzbeque e teve de se contentar com um bronze. Na comemoração, subiu ao pódio com uma foto de Fred, que àquela altura já havia se recuperado do problema de saúde.

“Eu falei que conquistaria uma medalha para ele. Fiquei feliz que ele esteve no pódio comigo. Os membros do COI tentaram me impedir, mas eu subi [com a foto] mesmo assim. Fiquei feliz com o bronze, foi bom para alguém tão jovem, mas espero levar uma medalha de outra cor da próxima vez”, disse Riner ao site francês 20minutes.com.

Até agora, a profecia parece estar bem encaminhada. O francês simplesmente não perdeu em sua categoria desde então. Ao todo, foram quatro títulos entre os pesos pesados, além de um por equipes no ano passado. Seu único revés foi em 2010, na categoria aberta (sem limite de peso), quando ele foi derrotado na final do Mundial pelo japonês Daiki Kamikawa, em decisão controversa dos juízes.

O resultado do domínio não poderia ser outro. Teddy Riner virou um astro na França, disputado por grandes marcas para ser garoto-propaganda. Carismático, ele ganhou o sugestivo apelido de Teddy Bear (expressão que em inglês significa “ursinho de pelúcia”). Com 2,04 m e 139 kg, ele é sorridente, brincalhão e hiperativo. Na infância, chegou a fazer aulas de jazz para extravasar a energia, mas acabou se adaptando ao judô.

Hoje em dia, dançar é pouco perto das “travessuras” do gigante. “Quando quer fazer piada ele não tem limite. Uma vez saiu andando pelado nos corredores da concentração”, contou o amigo Fred Escalante ao Le Monde.

Ele só não sorri ao falar do MMA, febre cada vez mais forte entre os praticantes de artes marciais, inclusive os judocas. “Não, lutar em uma gaiola não é a minha cara. É uma disciplina sem valores morais. As regras são apenas: ‘não ataque os olhos ou os genitais’. Isso não é o mínimo que alguém pode pedir?”, disse Teddy Riner, também ao Le Monde.

UOL Cursos Online

Todos os cursos