Cavalo de Rodrigo Pessoa sofre de depressão e faz campeão olímpico atuar como psicólogo

José Ricardo Leite

Do UOL, em São Paulo

  • Divulgação/Site Oficial Rodrigo Pessoa

    Rebozo, cavalo que será usado por Rodrigo Pessoa nos Jogos de Londres

    Rebozo, cavalo que será usado por Rodrigo Pessoa nos Jogos de Londres

Cavaleiro e técnico da equipe brasileira de saltos, do hipismo, que vai aos Jogos Olímpicos, Rodrigo Pessoa precisou fazer um trabalho específico de recuperação psicológica de seu cavalo, Rebozo, para que ele esteja presente em Londres.

O animal escolhido pelo medalhista de ouro dos Jogos de Atenas-2004, foi o mesmo utilizado no Mundial de 2010, quando o brasileiro ficou na quarta colocação.

Depois disso, Rebozo, 12 anos, sofreu uma contusão e passou boa parte de 2011 sem competir, o que lhe rendeu uma baixa auto-estima e até uma “depressão” por  esta abstinência competitiva e por não se sentir capaz de disputar provas. Mas, segundo o cavaleiro brasileiro, tudo já está resolvido para que ele tenha uma boa performance na Olimpíada.

“É um cavalo que comecei a montar no início de 2010 e teve ótima performance no Mundial de 2010. Depois desse Mundial, ele teve dificuldades pra se recuperar. Ficou o ano passado em recuperação psicológica mais do que outra coisa. Se recuperou bem, competiu no início deste ano, começou a fazer provas mais altas. Estou recuperando o cavalo. Ele tem muita vontade, é frio de cabeça e não se exalta fácil”, disse Rodrigo, ao definir as características de Rebozo.

“Ele teve um 2010 muito intenso. Saltou em altíssimo nível. Aí teve a contusão. Isso abate o cavalo mentalmente. Ele ficou abatido por não trabalhar e competir. Foi difícil. Mas agora ele é outro cavalo, está com outro espírito. Ele sentiu que estava mancando e com contusão e entendeu que não poderia trabalhar. Ele tinha realmente perdido a vontade. Mas depois que recomeçou a trabalhar, encontrou [a vontade] novamente”, continuou.

RODRIGO PESSOA RESSALTA LADO PSICOLÓGICO DOS ANIMAIS

  • "O animal não é uma raquete, um carro ou uma máquina, mas um ser vivo que tem dias bons e ruins."

A função do cavaleiro vai mais além do que apenas guiar o animal nos momentos de executar os movimentos nas provas, e o cuidado com a parte psicológica também é importante. "Tem que saber lidar, por isso esse esporte é especial. O animal não é uma raquete, um carro ou uma máquina, mas sim um ser vivo que tem dias bons e ruins. Tem que saber entender e controlar isso".

Além do ouro em Atenas, Rodrigo tem em sua galeria de títulos três Copas do Mundo e um Mundial. Exceto esta última, todas as outras conquistas foram com o cavalo Baloubet du Rouet, aposentado desde 2007.

O animal francês, antes de conduzir Rodrigo ao ouro em 2004, ficou marcado pelos três refugos nos Jogos Olímpicos de Sydney, em 2000, o que causou a eliminação do brasileiro, um dos favoritos na prova.

Rodrigo diz que não existem explicações para esse tipo de ações dos animais, que, assim como as pessoas, acabam oscilando psicologicamente. “Não sei o que aconteceu [em 2000]. Não tem como explicar. As pessoas dizem 'você não sabe?', e eu digo que não. Gostaria muito de saber. Mas, infelizmente, não tem como. E não tem como evitar. É difícil explicar o sentimento de um animal, assim como é difícil explicar os de uma pessoa”, finalizou.

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